Em 1947 foi pela primeira vez publicado o diário que viria dar a conhecer ao mundo a história de Anne Frank. Actualmente, O Diário de Anne Frank foi já publicado na sua versão definitiva, sem omissões, e foi traduzido em sessenta e sete línguas.
Anne Frank nasceu em Frankfurt-am-Main, na Alemanha, numa família judaica, constituída pelo seu pai Otoo Heinrich Frank ,mãe,Edith Hollander, e irmã, Margot Frank.
Em 1933 a família Frank mudou-se para a Holanda, já que os nazis haviam subido ao poder na Alemanha e implantado leis anti-semitas.
Anne Frank recebeu o seu diário como prenda pelo seu décimo terceiro aniversário, a 12 de Junho de 1942, data em que pela primeira vez escreveu no mesmo.
“ 12 de Junho de 1942
Espero poder confiar-te tudo, como nunca pude confiar em ninguém, e espero que venhas a ser uma grande fonte de conforto e apoio.”
Pouco tempo depois decide que escreverá o seu diário como se este fosse uma amiga, a que chama “Kitty”.
A Holanda foi invadida pela Alemanha em 1940, altura em que Artur Seyss-Inquart é nomeado pelos nazis como Comissário do Reich para os territórios ocupados. Assim, também na Holanda foram impostas diversas leis que atentavam contra a liberdade e dignidade da comunidade judaica, leis essas que Anne Frank descreve no seu diário. Embora muitas vezes estas leis sejam referidas noutros documentos históricos, vê-las através de Anne dá-lhes contornos mais realistas, fazendo-nos compreender melhor o modo como eram aplicadas e sentidas por aqueles que por elas eram afectados. A medida final foi, como todos sabemos, enviar os judeus para “campos de trabalho”. A Julho de 1942, a família Frank escondeu-se no anexo secreto de um prédio, local em que ficaram até Agosto de 1944. Juntamente com eles escondia-se a família Van Pels e Fritz Pfeffer. As oito pessoas que se escondiam no anexo foram ajudadas por alguns amigos próximos, que lhe traziam alimentos e outros bens.
A narrativa de Anne Frank é sempre simples e muito pessoal. Dá-nos conta dos problemas de uma adolescente comum, como discussões com a família e a procura de um identidade própria, das suas esperanças e medos, do seu quotidiano, enquanto passa por um dos mais terríveis acontecimentos da história da Humanidade.Apesar da objectividade dos factos ser suficiente para quase nos fazer perceber a verdadeira dimensão da atrocidade que foi o Holocausto, o relato desta jovem dá um rosto humano aos milhões que morreram ou que viram as suas vidas destruídas. O à vontade de Anne para escrever sobre tudo, levou a que por muitos anos o seu pai não permitisse a publicação de algum conteúdo do seu diário, devido a comentários negativos sobre a sua mãe e outros dos habitantes do anexo.
Em 1944, a jovem Frank ouviu um discurso de uma governante holandês exilado, via rádio, no qual o mesmo dizia que após a guerra esperava recolher testemunhos das adversidades pelas quais o povo holandês passou durante a ocupação alemã. Este anúncio levou-a a decidir que após a guerra publicaria um livro baseado no seu diário. Infelizmente. Anne não sobreviveu á guerra.
A última entrada do diário data de 1 de Agosto de 1944. No dia quatro desse mês agentes da Gestapo entraram no anexo e prendem os seus oito habitantes. Duas das amigas que ajudavam a família, Miep Gies e Bep Voskujil ,e que trabalhavam no edifício onde se situava o anexo, encontraram o diário de Anne espalhado pelo chão e guardaram-no.
Na última entrada do seu diário, Anne escreveu sobre o seu lado que os outros não conheciam, desabafando sobre normalmente só mostrar o seu lado menos bom e sobre a dificuldade de ser quem gostaria, “(…) e continuo a tentar encontrar uma maneira de me tornar naquilo que gostaria de ser, e que poderia ser se…se não existisse mais ninguém no mundo.”
Os residentes do anexo foram enviados para um campo de trânsito para judeus no Norte da Holanda, Westerbok. Daí foram deportados para Auschwitz. Alguns aí permaneceram, outros foram levados para outros campos. Com a excepção de Otto Frank, pai de Anne, todos morreram. Anne e Margot foram levadas para Bergen-Belsen, onde faleceram, vitimas de uma epidemia de tifo. Cerca de um mês depois das suas mortes, o campo foi libertado por tropas britânicas.
Ao perceber que nunca o poderia entregar à sua autora, Miep Gies entregou o diário de Anne a Otto, que se dedicou a partilhar com o Mundo o legado deixado pela sua filha. Esta, que nunca teve a oportunidade de crescer e de se tornar em quem queria ser, transformou-se num símbolo do sofrimento judeu durante a 2º Guerra Mundial. Relembrou ao Mundo que os 6 milhões de judeus mortos no Holocausto eram pessoas vulgares, com sonhos, esperanças e receios. Sobre Anne, o escritor russo, Ilya Ehrenburg, escreveu: “Uma voz fala por seis milhões, a voz, não de um sábio ou poeta, mas de uma menina comum”.