segunda-feira, 26 de abril de 2010
Paulo de Carvalho-E Depois do Adeus
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós
23 de Abril
A conferência iniciou-se com apresentações feitas por algumas colegas que contextualizavam a situação portuguesa antes da Revolução dos Cravos. Após esta contextualização, tomaram a palavra três convidados, que viveram sob o regime salazarista. Cada um contou como o autoritarismo do Estado Novo tinha tido impacto na sua vida. Ficou claro o seu contentamento pelo fim desta fase da história portuguesa e o seu orgulho pela liberdade de que jovens como nós podem hoje em dia usufruir. Especialmente porque temos a formação e instrumentos necessários para nos mantermos informados, o que é, na minha opinião, a melhor maneira de mantermos a nossa liberdade de pensamento.
Esta conferência foi importante pois relembrou-nos os valores e ideais que conduziram ao 25 de Abril e que, por já estarmos tão habituados a eles, não valorizamos convenientemente. Há também que ter em conta que a liberdade em que hoje vivemos é o resultado da luta, sacrifício e esforço de muitos, pelo que o mínimo que podemos fazer é vive-la e nunca a perder.
Joana Lima
domingo, 25 de abril de 2010
Que dia é hoje?
Para fazer uma "revolta", se é esse o nome que se pode dar à contestação hoje em dia, é preciso mais que uma pessoa; sim, adorava ser como aqueles ícones que sozinhos fazem a diferença, mas a verdade é que não sou, e não me vou "armar em herói, porque herói é coisa que não sou" (como confessou o senhor Labaredas, um ex-preso político, no seu discurso na passada sexta-feira na comemoração do 25 de Abril na minha escola). É a política do grão de areia no meio do deserto e assim se sentem todos actualmente. Podia ir para a rua contestar por melhores condições na escola, nos hospitais públicos e veracidade no sistema judicial, mas deparo-me com diversos obstáculos: não há autocarros onde vivo ao fim-de-semana nem nos feriados, no entanto se quiser apanhar o autocarro mais próximo tenho que andar um bom bocado até à paragem, depois teria de andar mais um pouco até ao metro se quisesse ir para o centro de Lisboa pois o autocarro não passa lá, e depois disto tudo só poderia lá ficar pouco tempo para fazer a mesma viagem para casa, isto porque o horário desse autocarro ainda é muito limitado aos feriados. Contudo mais um ou dois "obstáculos" surgem: a preguiça e o porquê da suposta contestação.
- A preguiça: fazer este percurso todo para depois chegar lá e não conseguir fazer nada pois apareceria sozinha no meio da multidão;
- O porquê da suposta contestação: há muitos porquês, mas sozinha seria apenas a maluquinha que fez mais um discurso sobre os problemas que o país/população enfrenta.
E ainda me queixo, quando afinal eu também faço parte da multidão que nos autocarros e nas paragens se revolta com a pessoa desconhecida sentada a seu lado e que grita com a televisão perante as injustiças, mas que se tivesse de actuar manter-se-ia inerte, com a desculpa de que tudo ficaria em águas de bacalhau. Ao escrever isto, descobri outro obstáculo, e este sim é bastante preocupante: a quantidade de vezes que vemos na televisão ou lemos nos jornais os escândalos, as guerras, o número de pessoas que morrem por dia no Mundo, mas que vemos ou lemos sem a mínima preocupação de tão afastados que nos encontramos dessa realidade, já adormecidos pelas imagens chocantes e os relatos temerosos dos media. O que se faz? Muda-se de canal, para algo mais agradável; fecha-se o jornal, dobra-se para dizer que foi lido e/ou deixa-se no banco do autocarro para alguém o atirar para o chão, ou com sorte, para o lixo.
"A informação está em todo o lado, as pessoas só não a conhecem porque não querem" citação dum colega da turma de Inglês.
É esta a minha revolta pessoal do 25 de Abril de 2010. Sem imagens ou vídeos chocantes.
Joana Duarte
sábado, 24 de abril de 2010
Carlos Franqui
domingo, 18 de abril de 2010
Canções da Revolução
"Somos livres" -letra e música de Ermelinda Duarte
Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.
"Grândola, Vila Morena" - letra e música de Zeca Afonso
Grândola Vila Morena,
terra da fraternidade
o povo é quem mais ordena
dentro de ti ó cidade
Dentro de ti ó cidade
"Tourada" - letra de Ary dos Santos, música de Fernando Tordo
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram asa canções.
"Trova do Vento que passa" - letra de Manuel Alegre, cantada por Amália Rodrigues
"Pedra Filosofal" - letra de António Gedeão, música de Manuel Freire
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
"Que força é essa?" - letra e música de Sérgio Godinho
"E depois do Adeus" - letra de José Niza, música de Paulo de Carvalho
Joana Duarte
Otelo Nuno Ramão Saraiva de Carvalho
Quando foi libertado a Fevereiro de 1976 concorreu à Presidência (eleições em que obteve grande apoio comunista), fazendo o mesmo nas presidenciais de 1980. Nunca venceu, possivelmente por estar conectado à facção mais extrema da esquerda.
A “Primavera Marcelista”
O período de governação de Marcello Caetano ficou conhecido como “Primavera Marcelista”, já que se registou uma abertura política moderada. Logo no seu discurso de tomada de posse, mostrou o seu desejo de assegurar a continuidade das políticas salazaristas, ainda que estivesse disposto a realizar reformas, o que se traduz no conceito de uma “liberdade possível”.
A nível económico o país abriu-se ao investimento estrangeiro e aproximou-se da CEE, enquanto que a nível social se fizeram algumas experiências na democratização do ensino.
Porém, o regime não foi capaz de aceitar as críticas que, naturalmente, surgiram.
Assim, as poucas alterações feitas perderam rapidamente o seu valor:
• A PIDE passou a intitular-se DGS, isto é, Direcção-Geral de Segurança, e diminuiu a intensidade e quantidade das suas perseguições e controlo. No entanto, quando os movimentos estudantil e operário ganharam força, a DGS reagiu de modo autoritário, tendo prendido os opositores do regime.
• A Censura começou a chamar-se Exame Prévio, e só inicialmente é que se mostrou mais tolerante.
• A União Nacional passou a ser denominada de Acção Nacional Popular. Derrotou a oposição nas legislativas de 1969, como seria de esperar num regime autoritário. A ala mais liberal da assembleia, constituída por membros independentes não tinha qualquer tipo de poder, já que os seus projectos de lei eram sempre rejeitados e que se continuava a fazer sentir a falta de liberdade de expressão.
Joana Lima