domingo, 18 de outubro de 2009

A real women

"I'm not trying to make you fell blue... do your duty!"
Uma fantástica mensagem dirigida à figura masculina por esta cantora negra dos anos 20 e 30, que podem ouvir no nosso blog (30 segundos) ou integralmente no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=h5T87_KuVC8).
Joana Duarte

Curiosidades pintorescas e não só...

Paul Cézanne (1839 - 1906)

Nasceu a 19 de Janeiro na Provença, França. Era bastante solitário e as suas obras habitualmente não eram publicadas, sendo até recusadas pelo Salon des Nacionalités entre 1864 e 1869. Foi um piontor pós-impressionista e é considerado precursor do cubismo. Moreu de pneumonia causada por uma queda no caminho para casa num dia chovoso (que azar).

Matisse (1869 - 1954) - "If my story were ever to be written truthfully from start to finish, it would amaze everyone."
Nasceu em Cimiez, Nice (França) a 31 de Dezembro. Foi da mãe que Matisse recebeu as suas primeiras tintas e foi ela quem o incentivou a não seguir as regras da arte mas sim os seus sentimentos e transmiti-los para a tela. A sua primeira obra foi "A mesa posta", obra esta que foi pendurada num local despriveligiado do Salon des Nacionalités devido ao seu aspecto impressionista e ao seu radicalismo. Encabeçou o movimento fauvista.

Claude Monet (1840 - 1926)
Nasceu em Paris, França. Em criança fazia caricaturas dos professores na escola. Foi militar na Argélia, interrompendo os estudos. Em 1868 (um ano depois do nascimento do primeiro filho) Monet vive miseravelmente e tenta suicidar-se. Seis anos passados, ele e os seus amigos exibem os seus quadros que são ridicularizados e a crítica chama-lhes de Impressionistas, nome relacionado com o quadro de Monet "Impressão: o Sol se levanta". A partir de 1907 Monet tem problemas de visão e desenha quadros quase abstractos.

Edvard Munch (1863 - 1944)
Nasceu em Loten, Noruega, a 12 de Dezembro. Em criança viu a mãe e a irmã morrer, ambas de tuberculose, mas em anos diferentes. Anos mais tarde morre o pai, e é mais um trauma porque terá de passar. Entretanto Minch desenvolve a sua técnica de Impressionismo francês. Em Novembro de 1890 é hospitalizado com febre reumática e durante esse tempo cinco quadros dele são destruídos num incêndio em Oslo. Junta-se ao grupo expressionista "Der Blaue Reiter" (o Cavaleiro Azul); uma exposição em Berlim é encerrada pelas autoridades, devido ao choque que as suas obras causavam aos espectadores. Em 1895 morre um dos seus irmãos. Perdeu metade dum dedo da mão esquerda devido a um tiro. Em 1931 morre a sua tia. Entretanto as suas obras tiveram muito sucesso e participou em muitas exposições, tanto na Europa como nos Estados Unidos. Morre a 23 de Janeiro de 1944.

Wassily Kandinsky (1866 - 1944)
Nasceu em Moscovo, Rússia, a 4 de Dezembro. Diplomou-se em Direito aos 26 anos mas desistiu. Casou-se com a sua prima em 1892. Foi considerado o primeiro pintor ocidental a produzir quadros abstractos, principalmente quando pintava paisagens. Uma das suas grandes influências foi a música do compositor Arnold Schönberg {afinal pode-se transpor a música para a tela e houve quem o fizesse ;) }. Depois de muito tempo passado no estrangeiro, Kandinsky regressa à Rússia - interessado pelo país - mas decide voltar para a Alemanha devido à sua discordância em relação às teorias de arte oficiais. Fez também parte do grupo "Der Blaue Reiter". De 1934 a 1944 desenvolve a pintura abstracta geométrica em Paris, mas esta é ofuscada pelo Impressionismo e pelo Cubismo. Morre a 13 de Dezembro de '44.

Vincent Van Gogh (1853 - 1890)
*Quero desde já informar que a vida deste pintor é extremamente interessante, assim como os seus quadros, e que ele próprio nos elucidou acerca da mesma pois as cartas que enviou ao seu irmão Theo (grande confidente e melhor amigo) contéem muita informação. É também impressionante o que ele fez em apenas 37 anos de vida.
Nasceu a 30 de Março em Zundert, Holanda. Pintor pós-impressionista. O seu nome (Vincent) havia sido dado um ano antes do seu nascimento ao irmão, natimorto (que morreu no útero) e diz-se que isso marcou profundamente a sua personalidade e a sua pintura. Em criança era muito calmo e sério e ao longo dos anos foi desenvolvendo uma grande amizade com o seu irmão mais novo, Theo. Foi ensinado em casa por uma governanta os pais acabam por o pôr numa escola em 1864, sofrendo bastante por estar menos tempo em casa. Muda de escola em 1866 e aprende a desenhar com um grande artista, Constantijn C. Huysmans. Em 1868 abandona abruptamente a escola para regressar a casa. Através do tio arranja emprego numa empresa de um comerciante de arte, sendo transferido para Londres onde se apaixona pela filha da sua vizinha, Eugénie Loyer. Para Van Gogh, esse ano (1873) havia sido o melhor da sua vida; aos 20 anos era bem sucedido no trabalho e ganhava mais que o pai, no entanto o que sentia por Eugénie não era mútuo, pois quando ele se declarou esta respondeu que já estava comprometida. Esta situação fez com que se isolasse mais e interessou-se excessivamente por religião. Em 1876 perde o emprego pois, ao ser enviado para Paris, ressente-se na forma como se vê a arte, deixado de comercializar. Regressa a Inglaterra onde se torna professor, mas não resultou. Decide tornar-se assistente de Pastor Metodista, tendo como principal objectivo espalhar o gospel por toda a parte. No Natal regressa a casa e trabalha durante seis meses numa livraria onde se dedica à tradução da Bíblia para inglês, frânces e alemão. Durante esse tempo come maioritariamente fruta e abstém-se da carne. Ao vê-lo tão interessado por religião, os pais enviam-no para Amesterdão a fim de tirar o curso de Teologia, o qual não passa e acaba por desistir. Como escape para os seus infelizes problemas pessoais e profissionais, decide seguir o conselho do seu irmão em aperfeiçoar a sua pintura e vai para Bruxelas; nessa altura os seus quadros focavam essencialmente o quotidiano e as pessoas simples. Nesse periodo que ele permaneceu na Bélgica pintou um dos seus quadros mais importantes: "Os comedores de Batata" (The potatoe eaters, 1885). Nesse mesmo ano muda-se para a Antuérpia onde descbre as pinturas japonesas e as obras de Rubens. Em 1886 vai para Paris viver com o seu irmão e conhece Monet, Pissarro e Gaugin e é então que aclara a sua paleta de cores e torna os seus quadros mais alegres e vivos. Apesar de ser uma pessoa muito solitária e de difícil relacionamento, torna-se muito amigo de Gaugin; num dos seus ataques de epilepsia, Van Gogh corta parte da sua orelha. Pouco tempo depois, devido à frequência de mudança de humor e problemas em manter-se lúcido, é internado em Saint-Remy onde tinha acompanhamento psicológico. Em Maio 1890 saiu da clínica por ter (aparentemente) melhorado e foi viver para Auvers-sur-Oise sob o cuidado do seu médico. Dois meses depois suicida-se, deixando uma carta explicando que "era o melhor para todos". Durante apenas três anos (os anos em que esteve mais activo a pintar) Van Gogh produziu dos quadros mais importantes para a corrente Impressionista, onde absorto no que produzia revelava a sua natureza instável e de complexa compreensão.

Joana Duarte
O Fim Dos Romanov

Em Março de 1917, a Revolução Russa derruba o poder autocrático do Czar Nicolau II, pondo fim à dinastia Romanov, a mais longa da história da Rússia.
A família Real era constituída pelo próprio czar, juntamente com a sua mulher, a czarina Alexandra Feodorovna, as suas quatro filhas, Olga, Tatiana, Maria, Anastásia e o seu filho e herdeiro de trono, Alexei. Quando foi destronado, Nicolau II e a sua família foram feitos prisioneiros pelos bolcheviques. Após várias transferências, para impedir que exércitos fiéis ao czar os libertassem, os membros da família real foram enviados para Ekaterimburgo, onde ficaram durante 78 dias em cativeiro na casa Ipatiev.
Embora tenha sido ponderado levar o Czar a julgamento e posteriormente executá-lo, utilizando a restante família para fins políticos, a ideia foi posta de lado, devido ao receio da chegada de tropa fiéis ao Czar.
Conhecidos por serem uma família unida, os últimos Romanov conseguiram conquistar a simpatia dos guardas por eles responsáveis. Assim, pouco tempo antes da execução da família, todos os guardas foram substituídos.
Na noite de 16 para 17 de Julho de 1918, a família Real Russa, juntamente com 3 criadas e o seu médico são acordados e levados para a cave da casa, sendo estas medidas justificadas pelos guardas como medidas de protecção.
Yakov Yurovsky, responsável pela execução dos Romanov, informa a família, já na cave, de que seriam executados.
Assim se iniciou um dos maiores mistérios do século XX. Durante oito anos o governo russo garantiu que o czar fora executado, mas que a restante família se encontrava em segurança. Depois Estaline proibiu qualquer referência aos Romanov. O mistério em torno dos Romanov e do seu destino continuou a adensar-se, alimentado pelo secretismo russo. Anastásia, por exemplo, tornou-se uma lenda devido à crença popular de que estaria viva.
Em 1991, nove corpos são encontrados numa floresta de Yeaktarinburgo. Após uma extensa investigação conclui-se que os restos mortais pertencem a Nicolau II, a Alexandra, a três das suas filhas e aos quatro empregados executados com eles. Aparentemente faltavam os corpos do pequeno Alexei e de uma das suas irmãs, Maria ou Anastásia. Este facto levou a ainda mais especulação sobre a possível sobrevivência de uma das princesas. Quanto ao pequeno herdeiro, este dificilmente poderia ter sobrevivido, dado sofrer de hemofilia.
Em 2007, dois conjuntos de restos mortais foram encontrados a 65 metros da sepultura inicial dos Romanov. Através de testes de ADN confirmou-se que eram os restos mortais de Alexei e de uma das suas irmãs, tendo sido impossível descobrir se de Maria ou Anastásia.
Cruzando os dados forenses com os dados históricos, obtidos através de relatórios feitos por
Yakov Yurosvky e depoimentos de testemunhas, foi possível perceber o que terá sucedido a 17 de Julho de 1918. Após informar os Romanov da sua execução, Yakov deu ordem aos seus soldados para que disparassem. Gerou-se então a confusão, até porque as balas disparadas fizeram ricochete nas paredes de pedra da cave. As raparigas tinham cosido jóias ao interior das suas roupa o que as fez sobreviver aos primeiros disparos. Depois de arrastarem os cadáveres para fora da cave os guardas perceberam que Maria e Anastásia ainda estavam vivas, tendo-lhes batido na cara até que morressem. A localização inicial dos corpos foi revelada pelos guardas, que se embebedaram e acabaram por contar o que sucedera pela vila.
Quando regressaram, para enterrar os corpos num novo local, Yakov deu ordens aos seus homens para que queimassem dois dos corpos, o de Alexei e o de uma das raparigas. Antes de queimados os cadáveres foram desmembrados e expostos a ácido sulfúrico. Uma fogueira no exterior durante uma ou duas horas não foi suficiente para fazer desaparecer totalmente os restos mortais, mais deixou os em muito mau estado, o que dificultou posteriormente a sua identificação. Dado o pouco sucesso na incineração dos dois primeiros corpos, Yakov mandou enterrar as restantes vítimas numa outra sepultura.
Estas descobertas puseram fim a quase um século de especulação. Não creio que a falta de informação seja a única culpada dos mitos que se criaram à volta deste crime, penso que houve também uma recusa inconsciente em acreditar que um crime tão horrendo fora cometido em nome de um regime político que tanta esperança trouxe ao povo russo.

Sobre este assunto
The Kitchen Boy, de Robert Alexander, é um romance histórico que retrata os últimos dias da família imperial russa e supõe, como muitos outros fizeram, um fim para a mesma.
Trata-se de um romance que mistura a ficção com factos reais, contendo múltiplos excertos a itálico que pertencem a documentos reais, que podem ser consultados em arquivos na Rússia.

Joana Lima

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rússia: a construção do modelo soviético

Quando Marx formulou as suas ideias socialistas nunca pensou que estas fossem "brotar" num país como a Rússia, afirmando firmemente que a chamada "Revolução Socialista" teria lugar no Reino Unido, país fortemente industrial e com o maior número de proletários da Europa.

O Império Russo em 1917 era ainda muito pouco desenvolvido e estava sob a alçada do czar Nicolau II e do seu regime autocrático. Os problemas a nível económico e social tornavam praticamente impossível a evolução do país e da população que abrangia na sua maioria camponeses (85%) que ambicionavam terras para si, por operários que, apesar de em menor número, tinham grande poder reinvidicativo e que pretendiam melhores salários, condições de vida e de trabalho e por último uma minoria burguesa e nobre apoiante da modernização do país. Para além destes problemas internos a Rússia enfrentava a Primeira Guerra Mundial, em que a sua participação nela promoveu ainda mais o anticzarismo.

Três grupos contestionários destacaram-se: os socialistas-revolucionários, os socais democratas e os constitucionais democratas. Os socialistas democratas, sendo os mais representativos, eram constituídos pelos bolcheviques (facção maioritária e chefiada por Lenine) e pelos moncheviques (facção minoritária apoiante do reformismo). Surgem então as manifestações e as greves de 22 a 28 de Fevereiro. Formou-se o Soviete, assembleia popular de operários e apoiada pelos soldados que acabaram com o regime do czar Nicolau II, iniciando um Governo Provisório dirigido por Lvev e mais tarde por Kerensky. Uma das suas medidas foi a permanência da Rússia na Primeira Guerra Mundial, altamente contestada pelos sovietes que foram surgindo incentivados com a chegada de Lenine em Abril . Por fim, em Outubro o Governo Provisório é derrubado pelos Guardas Vermelhos - grupos de bolcheviques - e o poder é entregue ao Conselho dos Comissários do Povo. Na chefia estava Lenine, Trotsky encarregava-se da Pasta da Guerra e Estaline da Pasta das Nacionalidades.

Assim despoletou uma nova política sustentada pelos ideais marxistas, mas foi com muita luta e esforço pela parte do povo russo que isso aconteceu. Nas décadas vindouras o Mundo ia estar atento aos passos que este extenso país iria dar, já sem Lenine. Que reserva o futuro para a União Soviética?...

Joana Duarte

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

  • Resumo de Matéria
    A Sociedade das Nações

    A 8 de Janeiro de 1918 o presidente americano , Thomas Woodrow Wilson, propôs um programa de paz com o objectivo de fazer os países afectados recuperarem da grande guerra e impedir futuros conflitos. Esta mensagem tinha catorze pontos, sendo que o 14º dizia o seguinte:”É necessário que uma organização geral das nações seja constituída[…] tendo como objectivo assegurar as garantias mútuas de independência política e integridade territorial tanto aos pequenos como aos grandes estados.”. Em 1919 este ponto é também colocado no Tratado de Versalhes e assinado por 44 Estados. Assim nasce a Sociedade das Nações.
    A Sociedade das Nações, com sede em Genebra, organizava-se do seguinte modo:

    · Assembleia Geral: Reunião de todos os estados-membros.
    · Conselho: Formado por nove países; cinco a título permanente, os restantes quatro em ciclo rotativo; tinha a função de gerir conflitos.
    · Secretariado: Está encarregue de gerir as agendas do Conselho e da Assembleia geral, bem como de publicar os relatórios das reuniões dos mesmos.
    · Para fazer cumprir o programa da SDN existiam organismos como o Tribunal Internacional de Justiça; o Banco Internacional; Organização Internacional do Trabalho; a Comissão Permanente dos Mandatos.

    Como sabemos, o objectivo primordial da SDN, de manter a paz, não se cumpriu. Isto deveu-se a vários factores, quanto aos quais a SDN pouco podia fazer.

    · Os povos vencidos nunca foram chamados a participar na SDN como estados-membros e nunca participaram na elaboração de tratados, que também não aceitaram.
    · Alguns dos estados vencedores não foram contemplados com as regalias prometidas nos tratados, que foram apenas gozadas pelos estados mais poderosos.
    · A regulamentação de fronteiras nunca foi conseguida de forma satisfatória, assim como a questão das “minorias nacionais”.
    · As reparações de guerra que os vencedores exigiam aos vencidos opunham os vários estados, o que levou ao afastamento de alguns da SDN e ao seu consequente declínio.


    A Segunda Guerra Mundial provou a incapacidade da SDN na manutenção da paz. O Mundo tinha assistido a uma imensa chacina, que ninguém fora capaz de impedir.
    Em 1946
    a SDN reuniu-se uma última vez, tendo parte dos seus fundos sido doados à recém-criada ONU.

Joana Lima