domingo, 30 de maio de 2010

O que o Estado não controla

Nem a maior potência mundial consegue deter certos desastres como o que aconteceu há cerca de um mês no Golfo do México - derrame de petróleo da empresa petrolífera inglesa BP. Já foi considerado o pior desastre ambiental da história dos EUA. Estão a ser reunidos todos os esforços para parar a maré negra de se alastrar, principalmente por parte do Presidente Barack Obama que tem pressionado a BP a remediar o erro cometido.


O furacão Agatha também tem provocados imensos estragos, causa das alterações climatéricas.


Ultimamente também se têm vindo a revelar inúteis quaisquer avisos a Israel pela ONU e, agora, pela Turquia, que sofreu directamente com o atentado (pois foi feito no seu espaço marítimo) a um barco solidário para com a Faixa de Gaza.


E na Inglaterra um homem matou 12 pessoas, entre elas o irmão. Porquê?...


E por vezes o Estado simplesmente... não quer saber.


Mas agora há coisas mais importantes com que nos devemos preocupar, tais como o Mundial de Futebol! Que seria de Portugal sem um bom mundialzito para levantar a moral ao Zé Povinho? Vamos a isto, não se esqueçam de tocar aqueles maravilhosos instrumentos musicais, nada irritantes, à porta de minha casa. E se possível, mesmo na escola quando estiver a fazer os exames de Português e de História, assim terei uma desculpa plausível para os maus resultados, a não ser que sejam adiados vezes sem conta por causa disso... Por favor, façam-no na minha escola, nos dias de exame nacional!


Joana Duarte

Salvador Allende

Salvador Allende Gossens nasceu em 1908, em Valparaíso, uma importante cidade portuária chilena. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Chileno e um membro da maçonaria.
Em 1964 concorreu às eleições presidenciais. O seu principal adversário era Eduardo Frei, do Partido Democrata Cristão. Este último foi eleito, não por a maioria da população chilena ser católica, mas pelo apoio e financiamento americanos dados à sua campanha. Afinal, estas eleições decorreram em plena Guerra Fria e os EUA não poderiam deixar um candidato comunista ser eleito.
Em 1970, Salvador Allende é eleito Presidente do Chile, embora o congresso chileno fosse maioritariamente ocupado por partidos direitistas.
Durante o seu mandato, Allende procedeu à reforma agrária e á nacionalização das indústrias e bancos. O presidente ambicionada que o país fizesse uma transição pacífica para o socialismo, que acreditava poder ser posto em prática sem pôr em causa a democracia, a sua politica ficou por isto conhecida por a “via chilena para o socialismo”
Os EUA mantiveram-se empenhados em prejudicar Allende, apoiando até grupos terroristas como o “Pátria e Liberdade”, de natureza nacionalista. A juntar-se aos obstáculos causados pelos EUA, o seu mandato viu ainda as classes médias esforçarem-se para prejudicar a economia chilena, em consequência do seu medo do socialismo.
Os EUA impuseram um bloqueio económico ao Chile, abalando ainda mais a sua economia, na esperança que este conduzisse a um golpe politico que retirasse o presidente Allende do poder.
Surge uma tentativa de golpe de estado, que no entanto não resulta, tendo ficado conhecida por “El Tanquetazo”. O fracasso deste movimento deveu-se sobretudo ao general Carlos Prats, que tinha um alto cargo no exército chileno. Porém, com a crise e instabilidade politica vividas no país, Prts renuncia ao seu cargo, sendo substituído Por Augusto Pinochet.
O golpe de estado que acaba com a presidência de Salvador Allende ocorre finalmente a 11 de Setembro de 1973, liderado pelo general Augusto Pinochet. . Durante o golpe Allende morre, não sendo as circunstâncias da sua morte unânimes, já que há quem defenda que foi assassinado, enquanto outros acreditam que se suicidou.
O golpe de Pinochet foi apoiado pelos Estados Unidos. O seu governo autoritário durou dezassete anos, durante os quais matou e torturou milhares de pessoas.







Joana Lima

domingo, 23 de maio de 2010

África

África tem sido e é palco de todos os maiores males da Humanidade: fome, guerra, genocídio, epidemias, miséria extrema, corrupção, governos autoritários e desastres ambientais. E estes fenómenos não ocorrem de modo temporalmente afastado, passa-se tudo ao mesmo tempo e em grande escala, por quase todo o continente, afectando a maioria da sua população.
Porquê África? Creio que é fácil deduzir que a causa destes problemas advém de uma instabilidade política e de uma incapacidade de estabelecer regimes democráticos justos que conduz á total desorganização destes países. Pois, sem um governo capaz, estes países não conseguirão manter a paz, desenvolver-se tecnologicamente e, consequentemente, acabar com a fome crónica que os afecta.
O modo como os regimes ditatoriais têm sido impostos é como que uma pequena réplica da Europa pré Segunda Guerra Mundial, populações desesperadas que acabam por seguir um líder carismático que prometa trazer ordem ao país.
A facilidade e rapidez com que governos democráticos e regimes autoritários são derrubados do poder poder-se-á justificar, de modo breve e simplista, pelo descontentamento das populações e pela falta de um sentimento nacional. Afinal, os territórios africanos congregam em si múltiplas etnias, confinadas e misturadas entre si nos mesmos países, situações de tensão que facilmente resultam em violentos conflitos, precisando apenas, na maiorias das vezes, que líderes sanguinários com interesses políticos pessoais aticem as inimizades étnicas.
O continente africano encontra-se preso a um ciclo de violência e pobreza que dificilmente pode ser quebrado. Os países desenvolvidos parecem não conseguir ajudar África e a opinião pública ocidental parece começar a questionar-se se já não estaria na hora de os povos africanos se conseguirem governar e acabar com os seus problemas.
África caiu numa espiral de horror e a culpa disto é quase totalmente do ocidente. Começámos a criar um futuro difícil a este continente no momento em que iniciámos os Descobrimentos, espalhando um pouco de cultura ocidental e considerando as outras culturas inferiores, interferimos no desenvolvimento dos povos africanos e usámo-los como escravos, mais tarde, no século XIX, dividimos África e régua e esquadro e no século XX vigorou o neocolonialismo. Este continente, rico em matérias-primas, foi preso e usado pelos interesses do Ocidente, que dele tirou aquilo de que necessitava, não lhe dando a oportunidade, nem o tempo de se desenvolver. As nações passam por várias fases, definem os seus territórios, experimentam vários regimes políticos, várias ideologias, entram em confronto mutuamente, criam laços e relações entre si, enfim, definem quem são e o seu lugar no Mundo. A maioria dos países do Mundo passou séculos nesta experiência, ainda a fazem, mas em menor escala. África começou-a por volta de meados do século XX, já cansada e usada, num Mundo em que as posições de cada um se encontram já definidas e em que é olhada como uma “subalterna”. Estas são as condições dadas a África para se desenvolver e tentar acompanhar os restantes continentes.
Mas simpaticamente, o Ocidente compra matérias-primas a África, a preços irrisórios, claro está. Mais grave ainda, é que uma boa parte destes produtos são comprados a líderes de guerrilheiros, assim, o ocidente financia as guerras africanas e a violência que estas tropas rebeldes exercem sobre as populações, usadas quase como escravas.
Aparentemente, deixámos condições difíceis como ponto de partida para África, mas estamos dispostos a colocar mais obstáculos ao seu desenvolvimento. Aparentemente, somos incapazes de assumir a responsabilidade histórica do que fizemos e de assumir o preço real do nosso estilo de vida.

Joana Lima

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Guerra, inexistência de Paz

Com o fim da Guerra-Fria a população mundial pôde finalmente pôr em prática a tão querida paz. Contudo, de certa forma previsível, certos povos rebeliaram-se e lutaram pelos seus territórios e respectivos costumes, algo que a União Europeia não tinha tido em conta aquando das separações territoriais entre Leste e Ocidente. Diminuiram-se a frequência de guerras entre países, reacenderam-se as qzílias entre povos duma (suposta) mesma nação.

Foi e é o caso do conflito entre Isael e a Palestina

Este vídeo chocou-me pelo facto de usarem meios televisivos e crianças para passar uma mensagem a todas as faixas etárias (mas principalmente a crianças) da realidade do povo Palestino, mas com pormenores evidentes e violentos a que nenhuma criança devia estar exposta. É efectivamente "uma guerra mediática, no qual tudo vale". Emocionar a juventude com imagens de bebés mortos e pessoas feridas? Só se for um emocionar a caminhar para o extremismo, até para o ultra-nacionalismo, enveredando os jovens para grupos sanguinários, que lutam por uma única causa em que "os meios justificam os fins", isso sim, é o que se pretende com este plano tão rebuscado. Sim, é verdade que os meios de comunicação sempre foram e são usados como influenciador das pessoas menos críticas e mais susceptíveis a adquirir certas condutas e valores menos desejáveis, mas neste caso julgo que o modo como tentam influenciar e (pior!) a quem a mensagem é dirigida, é praticamente roubar a ingenuidade às crianças. Por outro lado também se poderá falar da manipulação que os media ocidentais exercem nos jovens e que não fica muito aquém do que fazem os Palestininos (e tantos outros), que é extremamente agressiva nos jovens também. Agora que digo isto, pus-me a pensar se o que vêem na televisão não será também o que vêem na sua vida; não estou a querer dizer que uma abelha ou um rato lhes aparece do nada na rua (coitados, foram transformados em versões tão... feias), mas sim uma pessoa a ser baleada, um bebé deitado morto no chão... algo por que um ocidental não passa tão "rotineiramente".

Seremos assim tão diferentes? Por enquanto nada me faz pensar que somos...



Voltando ao conflito israelo-palestino. Tudo começou nos finais do séc. XIX, em que a inexistência de um Estado para os judeus era uma problemática já muito antiga, tendo-se resolvido a situação com a decisão de que se deveria instituir um território judeu na Palestina, que já estava ocupada por árabes palestinos.


A fim de mostrar ao Mundo a sua indignação perante a ocupação israelita e, o que não havia sido acordado, invasão de território Palestino, ocorreu um massacre nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, em que um comando de Palestinianos fez um grupo de atletas Israelitas reféns, resultando na morte de onze desportistas, cinco sequestradores, um polícia alemão e um piloto.


(Peço desculpa mas não encontrei nenhum trailer deste filme legendado.)

Este é o trailer de Munique, filme que retrata extremamente bem o massacre nos Jogos Olímpicos de Munique (1972), é muito bom, aconselho. Ao pesquisar sobre este conflito, não pude deixar de fazer comparações entre este e os que existiram entre povos colonizadores e colonizados; o que mais se ambicionava era a posse do território (o mais extenso possível), e se tivesse pessoas melhor, para as escravizar e fazê-las à "nossa imagem". Em comum estas duas situações possuem também a ajuda de outros Estados - Israel apoia-se nos Estados Unidos da América, país com um grande número de judeus que influenciam bastante a política e a economia do mesmo, e a Palestina apoiada pelos países vizinhos e fervorosamente pelo Irão. Tanto nas colónias como neste conflito houve sempre interesses de ambas as partes e também dos seus "apoiantes".

E por isto tudo o Mundo se questiona se alguma vez existirá paz absoluta, universal e não ao alcance, mas sim como algo garantido. No panorama global, parece-me que estas guerras se não se resolverem a bem... hão-de se resolver de outra maneira qualquer. Esperamos a inexistência de guerra, aí o Mundo será no mínimo silencioso...

Joana Duarte

sábado, 15 de maio de 2010

O poder da imagem

Como gosto imenso de fotografia, hoje de manhã apeteceu-me ir até ao Museu da Electricidade ver a exposição World Press Photo 10, onde estavam as melhores fotografias a nível mundial tiradas no ano passado.

A exposição divide-se em 10 categorias distintas, compostas por 62 fotojornalistas de 22 nacionalidades. As fotografias espelham os acontecimentos passados a nível mundial no ano de 2009, focando-se particularmente nas manifestações e guerras ocorridas no Médio Oriente, mas também despertando a sociedade ocidental para as disparidades entre "nós" e ao que se chama 3º Mundo.


Na primeira fotografia, um elefante é morto por um grupo de congoleses famintos, num país em que cerca de 48% da população não tem condições de vida básicas; na segunda fotografia, preparam-se as carnes que de seguida estarão num talho ou num supermercado(matadouro na Itália, se não estou em erro). Apesar de não ser grande apologista do vegetarianismo, a verdade é que quando vi a imagem do do homem a segurar numa cabeça de boi apercebi-me porque é que há pessoas que adoptam esse estilo de vida - se assim o posso chamar -incentivada pela maneira como a indústria funciona, que é... degradante.
Antes de ter chegado a essa parte da exposição vi umas fotografias que, se não tivesse lido a informação exposta ao lado, não me teria interessado particularmente: eram dois retratos, supostamente de um rapaz e de uma rapariga (por esta ordem). Bem, eu não vou revelar o que representa realmente, porque o que pretendo com este post é que a vão ver por vocês próprios.

Aqui estão algumas das fotografias que mais gostei, e devo dizer que gostei especialmente das de Desporto e das de Natureza, principalmente pela dificuldade em captá-las e pela beleza delas.
A minha preferida da categoria de Desporto é a imagem de cima esquerda, porque parece uma marioneta no céu (no entanto é um skater) e, a de cima do lado esquerdo conta com Tiger Woods, um dos melhores golfistas do Mundo, a trocar de taco com um senhor que não me recordo se era o caddy ou outro jogador.

1º prémio categoria de Desporto em acção:
(Londres, Campeonato de Criquete)
Vencedor na categoria de Reportagem Natureza; não se vê muito bem, mas o albatroz está a olhar directamente para a câmara, que dá um ar especial à fotografia.


Estas impressionaram-me imenso porque os jogadores fotografados tinham mais de 70 anos.















O senhor do lado esquerdo, após uma maratona de natação; o de cima direita a saltar de uma prancha e a dar um mortal (este desporto chama-se salto ornamental ou salto de prancha); o de baixo direita é o jogador de rugby mais velho do Mundo.

A minha fotografia de eleição, uma imagem que aparece constantemente nos desenhos animados (Looney Tunes, por exemplo) em que quando uma casa explode sai-se à mesma pela porta, é esta:
Mas aqui a casa não se reconstrói milagrosamente. Esta imagem, ainda que o rapaz se movimente, demonstra o estaticismo do espaço envolta, que tem sido atacado constantemente por bombas e não espera recuperação breve; Faixa de Gaza, guerra entre tropas Israelitas e militantes do Hamas.

Provavelmente devem-se estar a perguntar o que é que isto que "postei" tem a ver com História. Decidi falar sobre esta exposição no âmbito da matéria que estamos a dar agora, que basicamente trata as guerras de poder no panorama actual, e as fotografias revelam isso mesmo, mas também as causas e consequências, e as injustiças que ainda existem num Mundo globalizado; como nestas fotografias, em que se vê um homem a ser apedrejado até à morte por ter cometido adultério (Somália):

Ou estas, em que a morte pode aparecer sem nos apercebermos em qualquer sítio e atinge qualquer pessoa, seja uma criança ou uma mulher (Gaza).
O sangue espalhado pelas ruas, e o medo de quem se esconde para que não sejam os próximos (Madagáscar).

Os assassinos do Presidente, e quem recorre a outros meios para manter o vício (Guiné-Bissau e o crescente tráfico de droga no país).

Os que se protegem e que não têm sequer tempo para se vestir, e os que ficam sem membros numa roupa esburacada (Afeganistão):

Eu adorei a exposição, e aconselho; tem muitas mais fotografias para além das que eu coloquei, obviamente. Não deixa ninguém indiferente e é revelador. Até dia 23 deste mês no Museu da Electricidade. Ah, e a entrada é grátis.


Joana Duarte

domingo, 9 de maio de 2010

O diário de Ma Yan

O registo do quotidiano de uma rapariga chinesa, de Zhang Jia Shu, aldeia numa província do interior, que se vê por esse motivo condicionada a ser aquilo que o estado para si designou, uma camponesa, tal como a sua família. Um livro que nos ajuda a perceber o impacto das políticas económicas da China na vida dos seus cidadãos, bem como os sacrifícios que são exigidos aos mesmos, em prol da nação.
O livro conta com prefácio e notas do jornalista francês Pierre Haski, que ajudou a autora, Ma Yan, a divulgar a sua história e a, consequentemente, criar uma associação que lhe permitiu a si, e a mais trinta crianças da sua aldeia e arredores, prosseguirem os seus estudos.

Ma Yan contou com o apoio da família, em especial da mãe, que desejava para a filha uma vida melhor que a sua.

" Esta mulher [mãe de Ma Yan], aniquilada por uma vida de trabalho duro e de privações, tem só trinta e três anos, mas parece ter mais vinte. Não recebeu nenhuma instrução, não sabe ler nem escrever, mas compreendeu que a salvação da filha, e com certeza a de toda a família, dependia do ensino, um luxo nas regiões desfavorecidas. Baixou por várias vezes os braços frente às dificuldades,aceitou a fatalidade que reduz as raparigas ao analfabetismo, unicamente destinadas ao casamento. Num dia em que tinha de pagar 3,5 yuans de inscrição num exame e só tinha, bem feitas as contas, 3 yuans..."






Joana Lima

"Desenvolvimento" da China

O fracasso económico do maoísmo forçou a China a repensar o seu modelo de desenvolvimento. Após a morte de Mao, em 1976, o êxito das novas economias asiáticas serviu de exemplo aos dirigentes chineses, que aboliram a antiga política colectivista planificada, virada para a autarcia, com o suposto objectivo de modernizar o país. A China integrou-se, então, nos sistemas financeiro e comercial internacionais e adoptou as regras da economia de mercado.
Deng Xiaoping foi o líder chinês responsável pelas mudanças na economia do país e as suas politicas ainda hoje são seguidas. Dividiu a China em duas áreas geográficas distintas, o interior, basicamente rural e que se manteria protegido de influências externas e o litoral, aberto ao capital estrangeiro, integrando-se no mercado internacional.
A China camponesa tem como dever e função alimentar as indústrias e o Litoral, vendo-se impossibilitada de acompanhar o surto de desenvolvimento do país. De 1979 a 1983 as terras foram descolectivizadas e entregues aos camponeses, que puderam assim comercializar os seus excedentes num mercado livre. A produção agrícola chinesa cresceu 50% em cinco anos graças a estas medidas.
A indústria foi redireccionada. Abandonou-se a prioridade dada à indústria pesada, para ser substituída pela produção produtos de consumo, produção esta que teria como fim a exportação, deixando-se assim de lado o ideal da autarcia.
Em 1980, algumas cidades litorais foram consideradas “Zonas Económicas Especiais”, tendo assim uma legislação ultraliberal, favorável aos negócios. Empresas de todo o Mundo foram convidadas a estabelecerem-se nestas zonas. Este foi um grande sinal de abertura, já que a China admitiu no seu território influências do temido mundo capitalista, convidando-o até a instalar-se no meio da “sociedade comunista”.
Em 1978, a China celebrou um tratado de paz com o Japão e restabeleceu relações diplomáticas com Washington, integrou-se nos circuitos económicos mundiais, aderiu ao FMI e ao Banco Mundial e candidatou-se ao GATT. Talvez para incentivar os investimentos estrangeiros com uma nova imagem, mais acessível e pacífica, afastando a sua ligação ao “monstro comunista”, tão temido pelo ocidente.
Desde 1981 que o crescimento económico registado na China é notável, com um PIB que cresce 10% ao ano, tornando-se em 2007 o quarto maior PIB do Mundo. A China têm um potencial muito maior que o dos restantes países industrializados asiáticos, tanto a nível dos recursos, como da mão-de-obra, que é abundante, barata e não goza de regalias sociais.
Ainda assim, o nível da vida dos chineses tem vindo a aumentar e 99,8% dos jovens são alfabetizados. Ainda assim, o coeficiente de Gini(usado para medir a desigual distribuição de riqueza) é bastante elevado e continua a crescer. Outro problema é o resultado da politica do filho único, que tem vindo a desequilibrar a relação entre contribuintes e aposentados.
A politica económica chinesa é, do meu ponto de vista, excessivamente radical e totalmente desequilibrada. Em vez de ter sido criado um equilíbrio entre a ideologia comunista e a abertura de mercado, os dirigentes chineses optaram por dividir o país em dois. As cidades litorais são alvos da globalização, onde a economia e a cultura ocidental se expandem. Os habitantes destas zonas estão abertos a informações vindas do exterior. Por seu lado, o interior do país, vê-se isolado do mundo e da China ocidentalizada, impedido de evoluir. Assim, parte da sociedade chinesa perde a sua cultura e identidade enquanto outra se vê totalmente estagnada e condicionada.
Creio que a crescente escolaridade permitirá aos chineses reunir os meios para mudarem o seu país e lutarem contra políticas económicas que tiram a humanidade aos indivíduos, movendo-os do modo mais favorável a objectivos que lhes são exteriores.
Sinal disto foram situações como as grandes mobilizações a favor da liberalização política em 1986, ainda que tenham sido severamente reprimidas e em 1989,a agitação estudantil que acabou em tragédia, depois de exército avançar contra os jovens, que se encontravam reunidos na Praça de Tiananmen, em Pequim.

Não há espaço num só país para dois extremos, nem mesmo na China.


Joana Lima

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Xanana Gusmão

José Alexandre Kay Rala "Xanana" Gusmão nasceu em Manatuto, Timor, a 20 de Junho de 1946. Os seus pais eram professores do ensino primário. Frequentou um colégio jesuíta até abandonar os estudos aos 16 anos por razões económicas. Mais tarde conseguiu um trabalho na admnistração pública, o que permitiu que continuasse a estudar. Em 1968 alcançou o posto de cabo, recrutado no exército português e casou-se com Emília Lopes de quem teve dois filhos.

Em 1974, ano em que ocorreu a Revolução dos Cravos em Portugal e o Governo Português intencionou dar autodeterminação à ilha, Xanana aderiu a uma organização nacionalista chefiada por José Ramos-Horta (actual Presidente de Timor-Leste), trabalhando ao mesmo tempo no jornal "A Voz de Timor".
Gusmão junta-se ao partido FRETILIN - Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente - e é preso pelo partido da oposição, a UDT (União Democrática Timorense). A vizinha Indonésia aproveitou essas desestabilizações políticas para invadir a ilha várias vezes. No final do ano Timor-Leste foi entregue à FRETILIN, Xanana libertado e declara-se a independência a 28 de Novembro de 1975 de Timor Português. Pouco tempo depois a Indonésia invade Timor-Leste na totalidade, havendo resistência por parte de grupos revolucionários compostos por civis que Gusmão recrutava de aldeia em aldeia e que comandou.
Até ao início dos anos 90 manteve-se a oposição liderada por Xanana Gusmão que, a fim de alertar a comunidade internacional para o que se passava no seu país (como o Massacre no Cemitério de Santa Cruz a 12 de Novembro de 1991), utilizou todos os meios de comunicação que podia.

(foi o único vídeo que encontrei com a imagem mais nítida).

Desencadeou-se uma caça ao homem promovida pelo Governo Indonésio e em Novembro de 1992 Xanana foi preso, onde foi torturado e condenado a prisão perpétua (a sentença foi diminuida mais tarde pelo Presidente Suharto para 20 anos) e o direito de se defender perante a lei foi-lhe negado. Durante os sete anos em que esteve preso em Cinipang, Jacarta, foi visitado por várias figuras políticas (como Nelson Mandela) e deu algumas entrevistas, uma delas para a SIC Portugal:



Mesmo estando preso, Xanana demonstra ser também pintor e escritor, e em 1994 publica o livro "Timor-Leste, um Povo, uma Pátria". A 10 de Novembro de 1999 sai da prisão e é transferido para a casa-prisão de Salemba, Jacarta Central (uma espécie de prisão domiciliária, onde apesar de ter mais privacidade não podia fazer chamadas, só receber, e as visitas eram condicionadas) recebendo a visita de Ana Gomes, chefe da Secção de Interesses de Portugal na Indonésia.
A 30 de Agosto de 1999 faz-se um referendo em que a maioria da população opta pela independência de Timor-Leste, o que o Governo Indonésio não admitiu, iniciando-se uma campanha de terror feita à população (violações, espancamentos, mortes). O Mundo via em directo o massacre por que o povo timorense passava e é então que, pressionados pela ONU, tropas maioritariamente australianas entram na ilha e libertam Xanana a 7 de Novembro de 1999.

Gusmão desde então participa em muitas campanhas a favor da paz e, a convite, fez parte da admnistração da ONU até 2002. Em Abril de 2002, no periodo de eleições presidenciais, tornou-se o primeiro Presidente de Timor-Leste. Em 2007 anuncia que não se vai recandidatar à presidência, decidido a formar um novo partido, o CNRT (Conselho Nacional de Resistência Timorense). A 8 de Agosto desse ano é eleito Primeiro-Ministro, cargo que mantem até à actualidade.
Xanana entretando divorciou-se, mas voltou-se a casar com a australiana Kirsty Sword de quem teve três filhos.

Prémios:
  • Sakharov (1999) - Liberdade de Pensamento
  • Paz de Sidney (2000) - a sua "Coragem e Liderança para a Independência do povo de Timor-Leste"
  • Doutor "Honoris Causa" (2000) - pela Univeridade do Porto

Enquanto pesquisava sobre este (acho que se pode aplicar) revolucionário não pude deixar de encontrar semelhanças com outros ícones políticos que lutaram pela liberdade e justiça de um povo, como Nelson Mandela ou Che Guevara.

"Mar Meu

Pudesse eu
prender entre os dedos
os suspiros do mar
e distribui-los
ás crianças

Pudesse eu
acariciar com os dedos
A suave brisa das ondas
e sentir cabelos
de crianças

Pudesse eu
sentir nos dedos
o beijo das espumas
e ouvir os risos
das crianças

Pudesse eu
tocar com os dedos
o sono do mar
e embalar os olhos
de crianças

Pudesse eu
ter entre os dedos
belas conchinhas
e fazer colares
p’ra as crianças

Oh, mar meu!
porque esperas?
porque não dás?
porque não sentes?
porque não ouves?

Imerso nos meus pensamentos
fui subitamente estremecido
Do mar, do meu mar,
vinham tremores
saídos de barcos

Olhei para o céu
que explodia
os suspiros do mar
eram choros de agonia
a suave brisa

o cheiro do pó e do sangue
o beijo das espumas
o estertor da morte
o sono do mar
as pedras da sepultura

e as belas conchinhas
desenhavam
o destino da Pátria!"
de Xanana Gusmão

Joana Duarte

domingo, 2 de maio de 2010

O papel dos EUA no Mundo...

A 20 de Janeiro do ano passado Barack Obama foi eleito o 46º Presidente dos EUA. Através da sua campanha envolta em mudança conseguiu vencer o seu rival republicano, John McCain. Passado um ano, muitos se questionam sobre as mudanças planeadas e/ou realizadas.

Como todos sabem, inclusivamente os próprios americanos, há muito que estes não são bem vistos no Mundo, existindo até um anti-americanismo provocado pela intromissão do país na política de países como o Iraque ou o Irão, isto em nome "da segurança interna e mundial", já que se auto-denominam os "polícias do Mundo", envolvendo-se em guerras que não são suas e provocando guerras (e essas sim) apenas suas, mas arrastando outros países consigo.


Do anti-americanismo passo para o nacionalismo exacerbado; sabendo que têm problemas que nunca mais terminam por resolver, porquê tanta preocupação com a política externa? Sim, agora a educação e a saúde estão a ser reavaliados e está-se a tentar uma mudança para melhor, principalmente a saúde americana. É neste ponto que os americanos discordam, e é por isto que se está a despoletar o "anti-Obamanismo". As suas tentativas de mudar o sistema de saúde, concretamente os seguros de saúde que excluem 46 milhões de cidadãos, associam-no (segundo pessoas bastante inteligentes) ao socialismo, como poderão constatar pelo visionamento desta notícia:


Como primeira potência mundial, assume-se que os EUA sejam um país egualitário, democrático e amenizador de conflitos, mas não. Os acontecimentos dos últimos tempos têm demonstrado o contrário. Por isso questiono-me se algumas promessas não foram usadas apenas para proveito eleitoral. Ainda temos 3 anos para descobrir...

Joana Duarte

A União Europeia

Após a 2ª Guerra Mundial a Europa sentiu a necessidade de tomar medidas que impedissem novos conflitos no continente e que o protegessem.
Em 1957, com o Tratado de Roma , foi criada a Comunidade Económica Europeia (CEE) com o objectivo de criar um mercado comum europeu.
O âmbito de intervenção da CEE foi crescendo, tendo os estados-membros decidido o estabelecimento de uma politica agrícola comum, medidas de combate ao desemprego, apoio a zonas desfavorecidas e de um sistema monetário europeu, que estabilizasse as taxas de câmbio entre moedas europeias.
No ano de 1963 a CEE assina um acordo internacional de ajuda a 18 antigas colónias africanas. Desde esse momento conseguiu já uma parceria com 78 países da África, Caraíbas e Pacifíco. A condição fundamental para gozar da ajuda da Comunidade é o respeito pelos Direitos do Homem.
No início dos anos 80 a CEE encontrava-se estagnada, deixando descrentes os europeus. Porém, em 1985 torna-se presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, um grande dinamizador do projecto europeu.
Em 1986 é assinado o Acto Único Europeu, que estabelecia que em 1993 a Europa se tornasse num mercado único, onde circulassem livremente pessoas, capitais e serviços.
O Tratado da União Europeia, assinado em Maastricht em 1992,estabelece novos sectores de intervenção da CEE, que passa a designar-se União Europeia, como a moeda, a politica migratória, política externa e defesa. A EU funda-se em três pilares. Primeiramente, o comunitário, que actua em campos como a agricultura, ambiente, saúde, educação, energia, resumidamente em assuntos económico-sociais. O da politica externa e segurança comum e o da cooperação nos domínios da justiça e assuntos internos. As medidas definidas em Maastricht só entraram em vigor em 1993, ao mesmo tempo que o Mercado Único. É também neste ano que se dá a Cimeira de Copenhaga, em que ficam acordados os critérios para condicionar a entrada de novos membros na EU, que são, resumidamente, instituições democráticas, respeito pelos Direitos do Homem, economia de mercado viável, aceitação de todos os textos comunitários.
Em 1999 o euro entra em vigor em onze países europeus, começa também a funcionar o Banco Central Europeu.
Actualmente a União Europeia conta com 27 estados membros e debate-se na construção de uma Europa politicamente unida e na criação de um sentimento popular europeísta, isto é, que os cidadão se vejam não só como membros de um estado, mas também como europeus.
Creio que se as populações se encontrassem mais informadas nutririam uma maior simpatia pela União Europeia, já que esta se propõem a melhorar a vida dos europeus e a defendê-los. Um Europa unida é , certamente, mais vantajosa para os cidadãos europeus, mas também para o mundo, já que se encontra em condições de tentar fazer frente aos EUA, os policias do mundo, a nível económico e politico e de ajudar os países em dificuldades.


Joana Lima

Desintegração do mundo soviético

Já sob a égide de Gorbachev, os países integrados pela URSS esperavam melhores condições económicas e sociais, motivados pelo novo planeamento económico - a Perestroika - que tentou uma reconciliação entre o comunismo e o capitalismo, mas também uma abertura política (Glasnot, a política de transparência).

Apesar dessa política de aproximação com o Ocidente, prioritariamente com os EUA - comprovado pelo Tratado de Washington em 1987, que visava a destruição de todas as armas atómicas pelas duas potências - nada conseguiu salvar a República Soviética.

A Perestroika propôs uma descentralização económica, através da estimulação da concorrência e, portanto, da privatização de muitas empresas, como por exemplo dos bens de consumo, que eram escassos. A Glasnot permitiu a abolição da censura, a denúncia da corrupção e a participação dos cidadãos na vida política através de eleições pluralistas e livres na URSS, em que se elegeu o Congresso dos Deputados do Povo (1989).
Entretanto as críticas ao regime acentuavam-se; em 1980 cria-se o primeiro sindicato independente na Polónia apoiado pela Igreja Católica, o Solidarnösc (Solidariedade) dirigido por Lech Walesa, que promoveu greves e manifestações, tendo sido ilegalizado em 1982. Apesar da divisão feita pelo Muro, muitos foram os que tentaram fugir; essa fuga para o Ocidente viu-se mais facilitada em finais da década de '80, época em que houve abertura política na Hungria e na Polónia (isto meses antes da queda integral do Muro).
A partir de então, a maioria dos países-satélites da URSS puderam escolher o seu regime, e em 1989 o Partido Comunista vai perdendo o seu lugar de partido único e realizam-se novas eleições que promoveram novas Constituições.
Já sem o apoio das forças militares russas, a 9 de Novembro de 1989 cai o Muro de Berlim. A Alemanha reunifica-se a 1 de Outubro de 1990. Estes acontecimentos deterioraram a União Soviética, ainda governada por Gorbachev que não tinha aceite bem a desintegração dos estados-satélite, foi ultrapassado pelo seu ex-colaborador, Boris Ieltsin que em Junho de 1991 foi eleito o Presidente da República da Rússia; pouco tempo depois Ieltsin proibe as actividades do Partido Comunista. Dissolvem-se o COMECON e o Pacto de Varsóvia.
A 21 de Dezembro de 1991 nasce a Comunidade dos Estados Independentes que integrava 12 países, actualmente 11 (ex-satélites soviéticos): Arménia, Arzebeijão, Belarrússia, Casaquistão, Geórgia (já não pertence), Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turqueministão, Uncrânia e Uzbequistão.
A 25 de Dezembro do mesmo ano Gorbachev abandona a "presidência" da URSS, que já não existia.

O mapa geopolítico europeu altera-se completamente
assim como o modelo económico adoptado pelas novas repúblicas independentes que sem o apoio monetário da URSS atravessaram graves problemas sociais e económicos. Despoletaram guerras civis, desintegraram-se, aumentaram as disparidades. Agora há espaço para o desenvolvimento individual desses países, para além de que actualmente estão a ser ajudados por investidores estrangeiros, uma realidade que não se passara durante o regime estalinista e, posteriormente, no de Krutchev. E assim terminou mais um regime repressivo e anti-democrático.
Aconselho que visitem este site pois explica bastante bem a história do socialismo mundial e a sua desintregação: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/Especiais/URSS/link17.htm
Joana Duarte