domingo, 28 de fevereiro de 2010

"We choose to go to the moon."


"Nós escolhemos ir à Lua" disse John F. Kennedy num dos seus mais emblemáticos discursos. Uma escolha que não tinha sido idealizada apenas por americanos mas também por russos, num mundo de duas opções: Capitalismo ou Comunismo.

Pode-se dizer que tudo começou à mil anos, altura em que os Chineses inventaram os foguetes, tecnologia que viria a ter grande importância para a Corrida Espacial. Também em parte a conquista do espaço deveu-se aos cientistas alemães que a partir dos foguetes desenvolveram e criaram os primeiros mísseis, isto ainda antes da 1ª Guerra Mundial. Se estes depois da 2ª Guerra Mundial não tivessem emigrado para os EUA ou para a URSS, estas duas superpotências jamais teriam posto os "pés" no espaço. Mas também sem a Guerra Fria provavelmente nenhuma nação teria pensado ir alguma vez ao satélite da Terra... suposições.

Foi então que a URSS se lançou no espaço com o pequeno satélite - Sputnik - a Outubro de 1957.


A superioridade tecnológica russa manteve-se até 12 Abril de 1961, quando o cosmonauta Yuri Gagarine se tornou no primeiro homem no espaço a completar uma órbita terrestre, e a 16 de Junho de 1963 foi a vez da primeira mulher cosmonauta, a igualmente russa Valentina Tereshkova.
Antes disso haviam enviado para o espaço a cadela Laika, que seria a primeira viajante espacial.

Face a estes avanços, os EUA entraram na corrida em 1958 com o lançamento do Explorer 1, o primeiro satélite americano construído pela NASA. Depois de alguns falhanços nos programas, surge o projecto Mercury 3, e foi assim que o primeiro americano "entrou" no espaço a 5 de Maio de 1961 - Alan Shepard.

Seguiram-se os projectos Vostok e Apollo, respectivamente planeado pela URSS e pelos EUA. Ambos tiveram muitos problemas técnicos, principalmente o Apollo 1, nave que se incendiou durante um treino e em que morreram todos os tripulantes: Virgil Grissom, Ed White e Roger Chaffee. Quanto aos projectos russos, sabia-se do fiasco de alguns, apesar da confidencialidade que a URSS tentou manter.

O programa lunar da URSS estagnou por um tempo devido à morte do director, Serguei Korolev.
A Março de 1965 cumpre-se pelo cosmonauta russo Leonov o primeiro passeio espacial, e a Janeiro de 1966 is russos chegam à Lua, mas com uma nave sem tripulação.

Eis que a 20 de Julho de 1969, com a nave Eagle e com a missão de cumprir o projecto da Apollo 11, os astronautas americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin pisam a Lua, sendo a primeira vez para a Humanidade. E assim, sobre pressão na aterragem, Armstrong pronunciou: "É um pequeno passo para o homem, mas um salto de gigante para a Humanidade". Depois disto, que mais?



(1ª aterragem lunar, Neil Armstrong e Edwin Aldri)

Depois deste sucesso a missão a seguir a Apollo 12 transforma-se numa enorme tragédia, com a explosão da nave espacial Apollo 13, isto visto em directo na televisão. Os tripulantes não sobreviveram, eram eles James Lovell, Fred Haise e John Swigert. A frase que ficou para a história "Houston, we've got a problem" - "Houston, temos um problema".





Como devem saber, há um filme sobre essa missão intitulado "Apollo 13", que aconselho. Aqui está o trailer.





Bem, surpreendentemente a 17 Julho de 1975 as naves Apollo 18 e Soyus 19 encontraram-se no espaço e acoplaram, ficando ligadas durante dois dias; isto, metaforicamente falando, seria impossível na superfície terrestre. Foi este acontecimento que pôs fim à corrida espacial.

(Acoplagem das naves espaciais Apollo 18 e Soyus 19)

Com o fim da Guerra Fria, o homem não mais pisou a Lua; a última aterragem ocorreu a 11 de Dezembro de 1972, com o Apollo 17 e os astronautas Eugene Cernan, Ronald Evans e Harrison Schmitt.
Actualmente, a superpotência que se impõe em relação à exploração espacial é a China, país que "foi o terceiro a pôr seres humanos (taikonautas) na órbita terrestre".
Afinal, apesar do confronto entre EUA e URSS, o espectáculo espacial revelou-se extremamente importante para o desenvolvimento tecnológico.

Mas a dúvida perdura entre os cépticos: "Esteve realmente o Homem na Lua ou é tudo uma farsa?"
Julgo que há sonhos difíceis de concretizar, mas parece-me que este foi mais que real... mas como disse, a dúvida permanece.

Joana Duarte

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A ONU


Perante o fracasso da Sociedade das Nações, tornou-se necessário assegurar a paz e a segurança dos países. O seu criador foi Franklin Roosevelt, Presidente americano entre 1933 e 1945.

Esta "ideia" ficou acordada primeiramente na Conferência de Teerão em 1943, sendo ratificado na Conferência de Ialta e assinada em São Francisco (EUA) a 26 de Junho de 1945.

51 países apoiavam a Carta das Nações Unidas, pretendendo:
  • manter a paz e, através do pacifismo, diminuir actos corrosivos segundo os princípios de justiça e direito internacional;

  • reforçar a igualdade entre povos;

  • promover a cooperação internacional (económica, cultural e socialmente);

  • defender os Direitos do Homem;

  • amenizar a actuação destas questões referidas

Discurso de Franklin Roosevelt durante a Conferência de São Franciso, 1945



Durante a Conferência criaram-se outros dois organismos:

  • FMI (Fundo Monetário Internacional), organismo que pretende salvaguardar a economia mundial através da assistência técnica e financeira

  • BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento) ou Banco Mundial que financia projectos de nível económico e também países em vias de desenvolvimento

A moeda-chave passou a ser o dólar americano de forma a garantir a estabilidade económica pretendida.

A fim de impedir situações como o holocausto, aprovou-se a 10 de Dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Estes são os 30 artigos principais desta Declaração:

Artigo I

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Artigo III

Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo IV

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo V

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo VI

Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

Artigo VII

Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo VIII

Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo IX

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo X

Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo XI

1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo XII

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo XIII

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo XIV

1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XV

1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo XVI

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer retrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

Artigo XVII

1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo XVIII

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo XIX

Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo XX

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo XXI

1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo XXII

Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII

1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo XXIV

Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Artigo XXV

1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo XXVI

1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo XXVII

1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo XVIII

Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo XXIV

1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XXX

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

Os Órgãos de funcionamento da ONU eram/são:
  1. a Assembleia Geral, que funciona com um parlamento mundial, discutindo e aprovando questões importantes;
  2. o Conselho de Segurança composto por 15 membros, cinco permanentes (EUA, URSS, Reino Unido, França e República Popular da China) e é responsável pela concretização da segurança e paz;
  3. o Secretariado-Geral, composto pelo Secretário-geral que representa os povos do Mundo;
  4. o Conselho Económico e Social, que promove a cooperação económica, social e cultural;
  5. o Tribunal Internacional de Justiça, órgão máximo da Justiça Internacional;
  6. o Conselho de Tutela, que admnistrava e unia esforços para desenvolver os territórios sob a tutela da antiga Sociedade das Nações. Terminou em 1994 com a independência do Palau

Actualmente fazem parte desta organização 192 países, sendo que Portugal é um dos membros que aderiu a 14 de Dezembro de 1955. A sua sede oficial é em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.


Joana Duarte

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Planos Quinquenais e Condições Sociais


A planificação económica feita pela URSS através dos planos quinquenais funcionou muito satisfatoriamente no pós-guerra, já que permitiu a recuperação dos prejuízos pela participação na mesma. Em plena Guerra Fria, os planos quinquenais centravam-se essencialmente na indústria pesada. Isto porque a qualquer momento uma guerra”verdadeira” poderia despoletar-se e a URSS deveria estar preparada para combater os EUA, e mesmo que tal não acontecesse, o armamento soviético provava o seu desenvolvimento tecnológico e contribuía para a edificação do seu estatuto de grande potência.
Mas a planificação económica e o total controlo do Estado trouxeram dificuldades económicas e sociais á URSS:

• Falta de investimento em sectores mais necessários à população geral, como a agricultura.
• A planificação económica não permitia o progresso, mantendo a economia em estagnação.
• O nível de vida da população não subiu.
• Burocracia.

Em 1953, Nikita Kruchtchev torna-se secretário do partido comunista e, em 1959, acumula a este cargo o de presidente do conselho de ministros. Nesse mesmo ano visitou os EUA e ficou bastante impressionado pelas técnicas agrícolas e condições sociais deste país.
Durante a sua governação, Kruchtchev, iniciou um plano de reformas económicas que visava o progresso e aumento da produção agrícola e de bens de consumo, bem como a melhoria das condições sociais do povo russo. Há que acrescentar, que durante o tempo em que governou permitiu uma pequena liberalização nas artes, fez alterações no sistema de justiça e fundou várias cidades académicas. Tentou também uma aproximação ao Ocidente, tendo contribuído assim para que entre 1955 e 1962 tenha havido um período de coexistência pacífica em plena Guerra Fria.
Muito mais humano que Estaline e que a maioria dos membros do partido comunista, Nikita Kruchtchev foi em 1964 afastado do poder e substituído por Leonidas Brejnev e Aleksei Kossiguin. Esta substituição seguiu-se aos ataques de Kruchtchev à politica chinesa, que acusava de imperialista, enquanto que o estado chinês o criticava pela sua abertura ao Ocidente não comunista.




Joana Lima

E há 100 anos?

Há 100 anos proliferava no país uma vontade imensa de destronar o rei e implantar a República. A sociedade de então era composta na sua maioria por gente pobre e pouco culta, enquanto que como minoria os grandes burgueses se evidenciavam, nada timidamente.













Foi portanto uma época de acentuados contrastes sociais.
No progresso tecnológico, o país avançou com o comboio que aproximou regiões e com o automóvel, transporte privado que passou a ser um bem obrigatório para as classes com um certo estatuto social; surgiram assim as primeiras corridas de automóveis. Sucedem os eléctricos aos antigos carros americanos que eram puxados por mulas. Para o povo, sempre havia o fiel burro.






























Continente e ilhas juntos tinham apenas 5,4 milhões de habitantes, com uma taxa de analfabetismo de 78,6%. As principais cidades eram Lisboa com 360 ooo habitantes, Porto com 172 000 e Braga com 24 3000 habitantes.
40 000 portugueses emigravam anualmente para a ex-colónia, o Brasil. Mantinham-se as colónias de Angola, Moçambique, Estado da Índia, Guiné, Timor, Cabo-Verde, Macau e São Tomé e Príncipe.

Emigrantes portugueses à espera do navio para o Brasil

A política do país definhava à medida que cada dia passava. Surgimento de novos partidos, golpes, conspirações, eleições. A década de 1910 foi tumultuosa... no mínimo.

Partidos de então:

Partido Regenerador (1815-1910) - Líderes: Fontes Pereira de Melo e Hintze Ribeiro;
Partido Regenerador-Liberal (1901-1910) - Líder: João Franco;
Partido Nacionalista (1902-1910) - Líder: Jacinto Candido;
Partido Progressista (1876-1910) - Líder: José Luciano de Castro;
Dissidência Progressista (1905-1910) - Líder: José Maria de Alpoim;
Partido Socialista (1875-1933) - Líderes: José Fontana e Azedo Gneco;
Partido Republicano Português (1876-1926)
- Líderes: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Afonso Costa, António José de Almeida, João Chagas, José Relvas, Brito Camacho, Bernardino Machado.

Não bastavam todos os problemas em volta da monarquia constitucional, ainda as votações eram manipuladas pelos "caciques" das localidades ("quem tudo manda numa determinada zona") que votavam em massa no seu partido e depositavam esses votos nas urnas; mais curioso, primeiro nomeava-se o Governo e só depois é que se ia a votos.
Apenas 12% da população votava, pois para o fazer era necessário ser do género masculino, com mais de 21 anos e que soubesse ler e escrever, ou então pagava-se "500 réis ou mais em contribuições directas do Estado".
Foram tempos de propaganda descarada, feita principalmente pelo Partido Republicano, com os seus jornais, panfletos, caricaturas e comícios, de forma a mover as massas.
A problemática mais focada era a dos "adiantamentos", dinheiro que era adiantado ilegalmente à Casa Real. Por norma , o Rei D.Carlos recebia uma conto de réis (moeda de então), mas com os "adiantamentos" passou a receber uma avultada quantia de 3232 contos.
Para resolver estes e tantos outros problemas e também para tentar inovar, D. Carlos convidou João Franco para chefiar o Governo. Surge então a "Ditadura Franquista", marcada pela repressão aos republicanos e à imprensa e pela dissolvência do Parlamento. A "Ditadura Franquista" só acabaria com o Regicídio, que ocorreu no Terreiro do Paço a 1 de Fevereiro de 1908.




Regicídio - 01.02.1908
Morrem D. Carlos e o seu sucessor, D. Luís, pelos executadores Manuel Buiça e Alfredo Costa.

Com a morte do Rei, passa o seu outro filho a chefiar, D. Manuel II. Durante o seu reinado, houve seis governos em 20 meses, uns duraram milagrosamente 24 dias! Os partidos estavam desorganizados e divididos em dissidências. Dentro do Partido Republicano afirmaram-se a Maçonaria e principalmente a Carbonária, entidade secreta que teve um papel muito importante para a revolução de 5 de Outubro. Esta associação, ao contrário da Maçonaria, cria na luta armada para alcançar a coesão política no país e recrutava a plebe e os seus membros em 1910 já eram 40 mil. Aquando do 5 de Outubro, a Carbonária desaparece (aparentemente). Militantes da Carbonária


É então que a 5 de Outubro de 1910 se implementa a República em Portugal, proclamada na varanda do edifício dos Paços do Conselho de Lisboa,

formando-se depois um Governo Provisório chefiado por Teófilo Braga, o 1º Presidente da República Portuguesa.
Durante este periodo controverso a literatura de romance estava em voga; autores como Guerra Junqueiro, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiróz, Almeida Garrett, Herculano, Eduardo Metzner, Gomes Leal, entre outros, fazem parte da vida social das elites. Fernando Pessoa ainda não se destacava em 1910, ano em que fez 22 anos. Proliferava a escrita dos "Vencidos da Vida".

Os "Vencidos da Vida" - Eça de Queiroz sentado no centro, Ramalho Ortigão o quarto da esquerda, Guerra Junqueiro primeiro da esquerda e Oliveira Martins de barba

Como grande parte da população era analfabeta e os livros considerados "um luxo", o Partido Republicano promovia a literatura (também em tom propagandístico) de folhetim, com os romances que eram vendidos em vários capítulos, mas também com a literatura oral tradicional feita em grupo.

Quanto à literatura internacional, destaque para a escrita de aventura, como Sherlock Holmes, Texas Jack e Capitão Morgan. Os westerns vigoravam, assim como os piratas. Era uma literatura não muito cuidada mas que empolgava os leitores, para além de que tinha o preço a seu favor: 60 réis (moeda de então) a partir de 1907. Actualmente são uma raridade pois eram vendidos em papel de jornal, sendo portanto muito frágeis e que após leitura eram deitados ao lixo (como o actual "Metro" por exemplo).














A par destas inovações surge Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro, jornalista, cartoonista e ceramista que retratou o "ridículo" do país. Fez parte, juntamente com o seu irmão pintor Columbano Bordalo Pinheiro, do grupo de artistas apoiantes da renovação da arte portuguesa "Grupo do Leão". Fundou o primeiro jornal de crítica diário, "A Lanterna Mágica", em 1875. Foi o criador do "Zé Povinho", retrato satírico do povo português que nasce no 5º número de "A Lanterna Mágica". Esta figura é asfixiada em 1907 durante o periodo da "Ditadura Franquista" e a repressão da imprensa.



Morre no Chiado a 23 de Janeiro de 1905, meses antes da revolução republicana.
Para além das suas caricaturas, deixou ainda a sua galeria de loiça artística da Fábrica das Faianças, nas Caldas da Rainha.

Nos anos que se seguiram Portugal passou por duas Guerras Mundiais, ainda que não de maneira muito participativa, mas mais "violentamente" por uma Ditadura Salazarista, muito mais repressiva que a de João Franco e ainda pela Guerra Colonial. Tanto o panorama político como económico se mantiveram o "calcanhar de Aquiles" de um país que anseava por "liberdade, igualdade e fraternidade" em terras de conservadorismo.

Depois deste senhor (Gomes da Costa)...

quem se seguiu foi este senhor, Oliveira de Salazar


Joana Duarte

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Plano Marshall

O Plano Marshall (1947) consistiu num apoio económico à Europa, prestado pelos EUA, após a 2ª Guerra Mundial. Inseriu-se na Doutrina Truman, conjunto de medidas tomadas pelo governo americano com o objectivo de limitar a expansão da ideologia comunista.
O plano recebeu o nome do seu criador, George Marshall, Secretário de Estado dos EUA, que viria a receber o Prémio Nobel da Paz em 1953.
Toda a Europa, incluindo a Oriental e a União Soviética, foi convidada a fazer parte do plano, mas nem a URSS ou os países sobre o seu controlo participaram no mesmo. A distribuição dos cerca de 14000 milhões de dólares dados pelos EUA coube à Organização Europeia de Cooperação Económica, criada em 1948 para cumprir essa tarefa.
O Plano Marshall veio mostrar o poder dos EUA, pelo que a URSS ripostou em 1949 com o COMECON, um plano com objectivos similares aos do primeiro referido, mas que foi adoptado nos países sob o domínio soviético.
A adopção destes planos veio reforçar a divisão da Europa em zonas de influência americana (capitalista) ou soviética, adensando-se a “cortina de ferro”. Começaram a ser dados os primeiros golpes da Guerra Fria.

"A política dos Estados Unidos não é dirigida contra um país ou uma ideologia, mas contra a fome, a pobreza, o desespero e o caos. Quem tentar bloquear a reconstrução de outros países não pode esperar ajuda".
Discurso de George Marshall ,referindo-se ao Bloco Soviético.

Joana Lima

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Construção de uma Nova Ordem Internacional: As Conferências de Paz


A 2ª Guerra Mundial apenas terminou em Setembro de 1945, mas em Fevereiro desse ano, os representantes dos três grandes Aliados reuniram-se em Ialta, com o objectivo de definir a nova ordem internacional no pós-guerra .
Sobre Ialta, esta é uma cidade ucraniana situada na Península da Crimeia, que durante a Conferência de Ialta era território soviético. Conhecida como o local de férias da elite russa, é lá que se situa o Palácio Livadia, antigo palácio de Verão da família Real, edifício onde se realizou a Conferência de Ialta.
Como é natural, havia divergências entre Churchill, Roosevelt e Estaline, já que eram governantes de estados tão diferentes. Ainda assim, o clima de união entre aliados, até porque se previa a sua vitória na guerra, permitiu que conseguissem chegar a acordo e tomar algumas medidas importantes.

· As fronteiras polacas foram definidas e o país passou a ser governado pela URSS, que aí aplicou um regime socialista.
· Divisão da Alemanha em quatro partes, cada uma ocupada e gerida, respectivamente, pela URSS, EUA, Reino Unido e França, coordenados pelo Conselho Aliado.
· Planeamento da criação da Organização das nações Unidas.
· Os governos dos países de Leste, que haviam sido ocupados pelo Eixo, deviam ser supervisionados pelas três potencias reunidas na conferência, mas respeitando sempre a vontade popular.
· Estabeleceram-se as reparações de guerra que a Alemanha deveria pagar (mais uma vez, apenas em datas diferentes).

Ainda que não de modo oficial, durante a Conferência de Ialta ficaram razoavelmente definidas as áreas de influência do capitalismo e do comunismo.
Algum tempo depois foi feita a Conferência de Potsdam, na qual os Aliados já não se encontravam no clima de harmonia anterior, dado o monstro fascista já ter sido derrotado, relembrando a existência do comunismo. Apenas se definiram melhor aspectos já tratados anteriormente.

· A divisão da Alemanha.
· Administração conjunta de Berlim.
· Indemnizações a pagar pela Alemanha.
· Julgamento de criminosos de guerra nazis( Julgamentos de Nuremberga).
· Ocupação e desnazificação da Áustria.

Potsdam teve um importante papel na delimitação do caminho a seguir pela Alemanha. Este país, responsável histórico pelo inicio da 2º Guerra Mundial e pelo extermínio de 6 milhões de judeus, foi desmilitarizado e desarmado. Para uma desnazificação satisfatória pôs-se termo ao Partido Nacional-Socialista e a todas as instituições relacionadas com o mesmo, preparou-se um futuro político democrático para a Alemanha e modificou-se o sistema de ensino, de modo a livrá-lo da ideologia nazi.


(Conferência de Ialta)


(Conferência de Potsdam)


Joana Lima