sábado, 24 de abril de 2010

Carlos Franqui

Morreu recentemente, a 16 de Abril (precisamente no meu dia de anos, o que tem imensa relevância histórica), mais um revolucionário cubano.

Nasceu a 4 de Dezembro de 1921. Foi mais um filho de camponeses cubanos, quase escravos, que trabalhavam na plantação açucareira pertencente a americanos. Filia-se no Partido Comunista Cubano, desistindo aos 20 anos de ingressar na Faculdade de Havana para se tornar num organizador profissional do partido.
Devido ao desinteresse do Komintern pela ilha, Franqui torna-se um esquerdista desalinhado, até aparecer Fidel Castro. Participou no Movimento 26 de Julho após o Golpe de Estado de Batista em 1952, sendo ainda preso e torturado pelo governo, exilando-se posteriormente no México e na Flórida até se unir aos seus companheiros na Sierra Maestra, onde dirigiu o clandestino jornal Revolución e a Rádio Rebelde. O seu jornal veio a oficializar-se com a vitória do grupo de Fidel, surgindo os primeiros desentendimentos entre os dois quanto ao conteúdo desse jornal. Foi enviado para Itália com a família para desempenhar o papel de embaixador de Havana, não remonerado, por pouco tempo.
Em 1968 separa-se oficialmente do Governo Cubano ao assinar um manifesto contra a invasão da Checoslováquia pela URSS, apesar de se manter fiel aos seus ideais esquerdistas.
Então visto como um agente da CIA e um traidor, Carlos Franqui dedica-se à escrita de poemas livres, livros e grafismos (colaborando com Miró, Tapiès, Calder e outros), fundando ainda em 1996 o jornal Carta de Cuba que publicava artigos de jornalistas e escritores cubanos independentes, continuando a sua publicação até à sua morte, em Porto Rico.
Podemos encontrar muitas semelhanças entre a história deste revolucionário e a de muitas outras personagens políticas, que inicialmente se envolvem num ideal comum, acabando por se afastar devido não à sua separação, mas à alienação desse mesmo ideal. Chocantemente, com a decisão de Carlos Franqui em se separar do Governo de Cuba, apagaram-se fotografias em que este aparecia e documentos escritos por ele, apesar da sua importância na Revolução; estas fotos demonstram o eliminar do traidor, ou da vergonha nacional, forma como provavelmente seria visto:










Joana Duarte

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