domingo, 9 de maio de 2010

"Desenvolvimento" da China

O fracasso económico do maoísmo forçou a China a repensar o seu modelo de desenvolvimento. Após a morte de Mao, em 1976, o êxito das novas economias asiáticas serviu de exemplo aos dirigentes chineses, que aboliram a antiga política colectivista planificada, virada para a autarcia, com o suposto objectivo de modernizar o país. A China integrou-se, então, nos sistemas financeiro e comercial internacionais e adoptou as regras da economia de mercado.
Deng Xiaoping foi o líder chinês responsável pelas mudanças na economia do país e as suas politicas ainda hoje são seguidas. Dividiu a China em duas áreas geográficas distintas, o interior, basicamente rural e que se manteria protegido de influências externas e o litoral, aberto ao capital estrangeiro, integrando-se no mercado internacional.
A China camponesa tem como dever e função alimentar as indústrias e o Litoral, vendo-se impossibilitada de acompanhar o surto de desenvolvimento do país. De 1979 a 1983 as terras foram descolectivizadas e entregues aos camponeses, que puderam assim comercializar os seus excedentes num mercado livre. A produção agrícola chinesa cresceu 50% em cinco anos graças a estas medidas.
A indústria foi redireccionada. Abandonou-se a prioridade dada à indústria pesada, para ser substituída pela produção produtos de consumo, produção esta que teria como fim a exportação, deixando-se assim de lado o ideal da autarcia.
Em 1980, algumas cidades litorais foram consideradas “Zonas Económicas Especiais”, tendo assim uma legislação ultraliberal, favorável aos negócios. Empresas de todo o Mundo foram convidadas a estabelecerem-se nestas zonas. Este foi um grande sinal de abertura, já que a China admitiu no seu território influências do temido mundo capitalista, convidando-o até a instalar-se no meio da “sociedade comunista”.
Em 1978, a China celebrou um tratado de paz com o Japão e restabeleceu relações diplomáticas com Washington, integrou-se nos circuitos económicos mundiais, aderiu ao FMI e ao Banco Mundial e candidatou-se ao GATT. Talvez para incentivar os investimentos estrangeiros com uma nova imagem, mais acessível e pacífica, afastando a sua ligação ao “monstro comunista”, tão temido pelo ocidente.
Desde 1981 que o crescimento económico registado na China é notável, com um PIB que cresce 10% ao ano, tornando-se em 2007 o quarto maior PIB do Mundo. A China têm um potencial muito maior que o dos restantes países industrializados asiáticos, tanto a nível dos recursos, como da mão-de-obra, que é abundante, barata e não goza de regalias sociais.
Ainda assim, o nível da vida dos chineses tem vindo a aumentar e 99,8% dos jovens são alfabetizados. Ainda assim, o coeficiente de Gini(usado para medir a desigual distribuição de riqueza) é bastante elevado e continua a crescer. Outro problema é o resultado da politica do filho único, que tem vindo a desequilibrar a relação entre contribuintes e aposentados.
A politica económica chinesa é, do meu ponto de vista, excessivamente radical e totalmente desequilibrada. Em vez de ter sido criado um equilíbrio entre a ideologia comunista e a abertura de mercado, os dirigentes chineses optaram por dividir o país em dois. As cidades litorais são alvos da globalização, onde a economia e a cultura ocidental se expandem. Os habitantes destas zonas estão abertos a informações vindas do exterior. Por seu lado, o interior do país, vê-se isolado do mundo e da China ocidentalizada, impedido de evoluir. Assim, parte da sociedade chinesa perde a sua cultura e identidade enquanto outra se vê totalmente estagnada e condicionada.
Creio que a crescente escolaridade permitirá aos chineses reunir os meios para mudarem o seu país e lutarem contra políticas económicas que tiram a humanidade aos indivíduos, movendo-os do modo mais favorável a objectivos que lhes são exteriores.
Sinal disto foram situações como as grandes mobilizações a favor da liberalização política em 1986, ainda que tenham sido severamente reprimidas e em 1989,a agitação estudantil que acabou em tragédia, depois de exército avançar contra os jovens, que se encontravam reunidos na Praça de Tiananmen, em Pequim.

Não há espaço num só país para dois extremos, nem mesmo na China.


Joana Lima

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