terça-feira, 8 de junho de 2010

A TURMA

Aqui estão as relíquias do 12º11ª (a maior obviamente que sou eu).


Mário Briosa

Maria Inês Gonçalves

Inês Peixoto

Hugo Fonseca



Soraya Lee e "As Manas" Vera e Liliana

João Bilhó

Joana Lima

Sara Tanganho e João Marcelo

A Andreia

Diana Moreira, Henrique Araújo e Joana Alves


Inês Sofia Lopes



Moi

Agradecimentos:
  • Máquina fotográfica da Joana Duarte
  • Joana Duarte
  • Pessoas que se deixaram fotografar (ou não) do 12º11ª
  • Sujeito(a) que me fotografou (acho que foi ou a Inês Peixoto ou o Henrique)

P.S.: Se quiserem o resto das fotos enviem o vosso mail (porque eu não sei o de alguns) para o mail da turma.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Balanço do ano, uma História

Sim, que título tão cliché, tocando quase o limiar do foleiro. Mas queria deixar uma última entrada inteiramente dedicada a comentários sobre as aulas de História durante o ano. Inicialmente pensei em publicar alguns vídeos demonstrando opiniões dos alunos do 12º6ª e do 12º11ª, mas cheguei à conclusão de que muitos não me responderiam a algumas questões e outros não seriam completamente honestos (por causa das avaliações).

Na minha perspectiva, o início do ano foi difícil. Pela primeira vez em 17 anos de existência tive de fazer não um, mas dois blogs para as disciplinas de História e Inglês. Tentei resistir, pois não gostava da ideia de uma vez por semana (se não mais) ligar a Internet com o intuito de postar algo sobre a matéria ou, no caso de Inglês, sobre algum tema discutido em aula. Isto tudo por obrigação.
Este foi para mim o começo de um mau ano. Por outro lado foi bom saber que os professores não seriam os mesmos, portanto CARAS NOVAS, FINALMENTE! Sem dúvida que um professor influencia a maneira como vemos a matéria e também a forma como a entendemos; isto é conversa que nunca terminaria, visto que as queixas na minha turma são mais que muitas à professora que tivemos no 10º e 11º anos (e não, não é uma desculpa para certas notas de certos alunos, não que tenha tido maus resultados, mas poderiam ter sido superiores se a dita professora não me rotulasse com uma certa nota).
A novidade do professor provocou grande entusiasmo pelos alunos, para além de que a matéria de 12º ano é de maior agrado dos jovens de 17/18 anos: guerras mundiais, crises financeiras, alterações do código moral, emancipação das mulheres, mudanças no vestuário, entre tantos outros temas abordados. Tudo isto fluiu saudavelmente, em conjunto com os trabalhos de grupo propostos pelo professor.
E a partir disto posso conectar à relação entre os alunos; os trabalhos de grupo, como se sabe, juntam colegas do agrado de cada elemento do grupo com quem se conta partilhar experiências, opiniões e ideias. Posso dizer, de fonte segura (eu) que isso nem sempre resultou. Os grupos de trabalho são como se fossem a imagem da sociedade, mas num modelo muito, muito inferior. Há sempre alguém com maior apetência para liderar e outro para ser liderado; surgem problemas quando há mais que uma pessoa a querer liderar, ou quando ninguém está disposto a fazê-lo. Pior ainda quando estamos num grupo com amigos e que, parecendo que não, a maneira como o trabalho decorre influencia a relação (sim, um drama!). Muitas coisas foram ditas despropositadamente e sem serem pensadas, e humildade foi o que faltou a alguns grupos para assumir a responsabilidade de actos menos próprios.
Quanto ao funcionamento da turma em si, este ano foi sem dúvida o melhor dos três do secundário. As qzílias entre alguns colegas aconteciam em qualquer lugar, quer fosse numa aula, no "pátio" escolar ou numa aula de substituição. Ainda bem que o Professor António apareceu quando os ânimos acalmaram, já com as pessoas com uma maior maturidade e também responsabilidade; outros ficaram pelo caminho, se assim se pode dizer, mas foram igualmente importantes e relevantes para algumas aulas, até porque sem eles não sei como teríamos aguentado matérias e professores enfadonhos, e que fizeram história na turma: Joana Sousa, Inês Vera, Nuno, Joana Romão, Pedro Pereira ("Stôra estou a ter uma caimbra!" ou "Stôra, olhe os góticos lá fora a fazer barulho!"), Miguel (lembram-se do piromaníaco?), Bruno Sousa e João Varanda (sim, eu considero o Varanda um elemento exterior à turma pois raras são as vezes que ele nos presencia com as suas estratégias de persuasão aos professores). Sem dúvidas temos histórias muito engraçadas para contar quando formos velhos caquéticos, com aparelhos auditivos e a falar para o ar, sentados num banco de jardim... Sim, porque isto será realmente o futuro para muitos de nós, ou não.
Apesar de todos os problemas e do drama adolescente, já a atingir o adulto - se é que isto tem algum significado - houve momentos hilariantes e que agora causam nostalgia. Por um lado, estou ansiosa pelo próxima etapa, a Faculdade (isto dito por alguém que nunca tem certezas de nada e que à última da hora decide as coisas, e que nem sabe sequer se tem hipóteses para seguir o curso que deseja). Enfim, o fim de uma etapa e o começo de outra, totalmente diferente e intimidante.
Em termos de estabelecimento escolar, tenho imenso a apontar, tanto positiva como negativamente; eu ando na Secundária de Benfica desde o 7º ano, pelo que conheço bastante bem (se calhar até bem de mais) a escola, funcionários, alguns professores e alunos. Em termos de ambiente, não me posso queixar, acho que há uma boa integração dos alunos e não há estratificação social nas turmas, pois existe uma grande diversidade de alunos (podia ser maior se o patrono permitisse a entrada de mais alunos de outras culturas... acho que é melhor não dizer muito mais), mas isto do meu ponto de vista; as funcionárias são prestáveis e simpáticas (à excepção duma senhora do CRE, que adora exibir a sua maravilhosa voz vezes sem conta a quem não se inscreve no maldito computador, que não serve rigorosamente para nada!) e os professores que tive são, em média, simpáticos e conseguiam distanciar-se da forma comum como os professores davam/dão aulas, criativamente portanto (o mais evidente é o Professor Luís Prista - todos os alunos que tiveram aulas com ele sabem que isso é verdade) e que influenciaram imenso os seus estudantes, e vice-versa (Professor Décio, Professora Sofia Paixão, Professora de Renata, entre tantos outros - não vou deixar nenhum comentário sobre os deste ano, julgo que se percebe porquê.
Por fim, e analisando mais especificamente as aulas de História deste ano: a História deste ano foi totalmente diferente dos outros dois anos, como já tinha referido. Houve interacção com os alunos - o que não aconteceu no 10º e 11º anos, tanto era o receio de dizermos algo que despoletasse a fúria da docente - e portanto troca de saberes. Nunca tivemos tantos debates, comentários ou opiniões na nossa turma. Também pela primeira vez soube que me assemelhava a uma jogadora de rugby, que o Marcelo tem dois grandes amores: comer e dormir; que o João Bilhó é um grande comentador sobre a Economia, que a Inês Lopes tem a resposta para tudo, que a Joana Alves percebe muito de Direito Mundial e que a Joana Lima tem sempre alguma opinião polémica para partilhar... ah, e que qualquer documento que o Henrique leia é sempre muito explícito, portanto não precisa comentários. Atenção que não estou a dizer que alguém ficou ofendido, são só alguns acontecimentos engraçados decorridos nas aulas.
Por fim, e da mesma forma que comecei a escrever esta entrada, o blog proporcionou que alargasse os meus conhecimentos e que entendesse melhor temas que nunca me haviam sido explicados; apenas precisava de pesquisar o que queria. Afinal a Internet também serve para isso, e realmente é um instrumento bastante útil para desenvolver o conhecimento e a actividade crítica. Quero então admitir que - apesar de me irritar imenso com a importância dada à Internet - esta tecnologia é muito importante para a elaboração de trabalhos e também para a aquisição de conhecimentos, mas não se deve esquecer a importância dos livros e dos grandes autores, que proporcionam igual sabedoria. A diferença é o tipo de lazer que cada um nos proporciona. E mais não digo, este tema já foi "esventrado" o suficiente este ano, e nos outros.

Concluindo, terei muitas saudades (sim, "isto dito pela Joana Duarte", devem estar alguns a pensar) de algumas pessoas, de algumas aulas, de algumas situações. Isto não é um blog pessoal, é partilhado por duas pessoas e é sobre História, mas acho relevante este meu parecer sobre determinados acontecimentos para além dos óbvios sobre a matéria. Foi um ano diferente, para melhor e para pior, e memorável.

Espero que os exames vos corram bem e espero ainda que não vão frustrados para a Faculdade, isto se forem. Independentemente do que vos digam (sim, outro cliché) façam alguma coisa que gostem mas não se esqueçam que os tempos também não são de feição, portanto pensem sabiamente no que vão fazer a seguir.

E depois, boas férias, bem mereçemos FINALISTAS!


Joana Duarte

Estado-Providência/Neoliberalismo

Após a 2ª Guerra Mundial os países ocidentais foram bem sucedidos e conseguiram elevar o nível de vida das populações. Os regimes políticos que para tal contribuíram identificavam-se ideologicamente com o socialismo reformista ou com a democracia cristã.
Em ambos o Estado intervinha na economia, visando apoiar os cidadãos, com medidas como:
• A nacionalização de sectores da economia que satisfizessem necessidades
básicas.

• Cobrança de impostos equivalentes á riqueza dos indivíduos ou empresas.
• Ajuda social gratuita.

Este modelo ficou conhecido como Estado-Providência ( Welfare State)
Na década de 70, o Ocidente teve de lidar com a crise da instabilidade monetária e do choque petrolífero. A táctica adoptada por Inglaterra e pelos EUA foi o neoliberalismo, que se espalhou por outros países desenvolvidos.
O neoliberalismo abandona o intervencionismo estatal na economia, de modo a reduzir a despesa pública, privatizam-se as empresas, os despedimentos são facilitados, os preços dos produtos não são controlados, reduzem-se as despesas da segurança social e com os aumentos salariais.
O resultado do neoliberalismo nos países que o adoptaram foi a recuperação do PIB e a diminuição da inflação, embora o desemprego e as diferenças entre classes sociais tenham aumentado, e devido à falta de investimento a educação e a saúde pública se tenham deteriorado.

As consequências da aplicação do neoliberalismo foram prejudiciais a nível social e um país não se pode desenvolver com uma população descontente e privada de apoios. Assim, embora economicamente as consequências directas do neoliberalismo sejam positivas, a longo prazo não o poderão ser, além de que a economia não constroi um país, esse é o papel dos seus habitantes.


Joana Lima

domingo, 30 de maio de 2010

O que o Estado não controla

Nem a maior potência mundial consegue deter certos desastres como o que aconteceu há cerca de um mês no Golfo do México - derrame de petróleo da empresa petrolífera inglesa BP. Já foi considerado o pior desastre ambiental da história dos EUA. Estão a ser reunidos todos os esforços para parar a maré negra de se alastrar, principalmente por parte do Presidente Barack Obama que tem pressionado a BP a remediar o erro cometido.


O furacão Agatha também tem provocados imensos estragos, causa das alterações climatéricas.


Ultimamente também se têm vindo a revelar inúteis quaisquer avisos a Israel pela ONU e, agora, pela Turquia, que sofreu directamente com o atentado (pois foi feito no seu espaço marítimo) a um barco solidário para com a Faixa de Gaza.


E na Inglaterra um homem matou 12 pessoas, entre elas o irmão. Porquê?...


E por vezes o Estado simplesmente... não quer saber.


Mas agora há coisas mais importantes com que nos devemos preocupar, tais como o Mundial de Futebol! Que seria de Portugal sem um bom mundialzito para levantar a moral ao Zé Povinho? Vamos a isto, não se esqueçam de tocar aqueles maravilhosos instrumentos musicais, nada irritantes, à porta de minha casa. E se possível, mesmo na escola quando estiver a fazer os exames de Português e de História, assim terei uma desculpa plausível para os maus resultados, a não ser que sejam adiados vezes sem conta por causa disso... Por favor, façam-no na minha escola, nos dias de exame nacional!


Joana Duarte

Salvador Allende

Salvador Allende Gossens nasceu em 1908, em Valparaíso, uma importante cidade portuária chilena. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Chileno e um membro da maçonaria.
Em 1964 concorreu às eleições presidenciais. O seu principal adversário era Eduardo Frei, do Partido Democrata Cristão. Este último foi eleito, não por a maioria da população chilena ser católica, mas pelo apoio e financiamento americanos dados à sua campanha. Afinal, estas eleições decorreram em plena Guerra Fria e os EUA não poderiam deixar um candidato comunista ser eleito.
Em 1970, Salvador Allende é eleito Presidente do Chile, embora o congresso chileno fosse maioritariamente ocupado por partidos direitistas.
Durante o seu mandato, Allende procedeu à reforma agrária e á nacionalização das indústrias e bancos. O presidente ambicionada que o país fizesse uma transição pacífica para o socialismo, que acreditava poder ser posto em prática sem pôr em causa a democracia, a sua politica ficou por isto conhecida por a “via chilena para o socialismo”
Os EUA mantiveram-se empenhados em prejudicar Allende, apoiando até grupos terroristas como o “Pátria e Liberdade”, de natureza nacionalista. A juntar-se aos obstáculos causados pelos EUA, o seu mandato viu ainda as classes médias esforçarem-se para prejudicar a economia chilena, em consequência do seu medo do socialismo.
Os EUA impuseram um bloqueio económico ao Chile, abalando ainda mais a sua economia, na esperança que este conduzisse a um golpe politico que retirasse o presidente Allende do poder.
Surge uma tentativa de golpe de estado, que no entanto não resulta, tendo ficado conhecida por “El Tanquetazo”. O fracasso deste movimento deveu-se sobretudo ao general Carlos Prats, que tinha um alto cargo no exército chileno. Porém, com a crise e instabilidade politica vividas no país, Prts renuncia ao seu cargo, sendo substituído Por Augusto Pinochet.
O golpe de estado que acaba com a presidência de Salvador Allende ocorre finalmente a 11 de Setembro de 1973, liderado pelo general Augusto Pinochet. . Durante o golpe Allende morre, não sendo as circunstâncias da sua morte unânimes, já que há quem defenda que foi assassinado, enquanto outros acreditam que se suicidou.
O golpe de Pinochet foi apoiado pelos Estados Unidos. O seu governo autoritário durou dezassete anos, durante os quais matou e torturou milhares de pessoas.







Joana Lima

domingo, 23 de maio de 2010

África

África tem sido e é palco de todos os maiores males da Humanidade: fome, guerra, genocídio, epidemias, miséria extrema, corrupção, governos autoritários e desastres ambientais. E estes fenómenos não ocorrem de modo temporalmente afastado, passa-se tudo ao mesmo tempo e em grande escala, por quase todo o continente, afectando a maioria da sua população.
Porquê África? Creio que é fácil deduzir que a causa destes problemas advém de uma instabilidade política e de uma incapacidade de estabelecer regimes democráticos justos que conduz á total desorganização destes países. Pois, sem um governo capaz, estes países não conseguirão manter a paz, desenvolver-se tecnologicamente e, consequentemente, acabar com a fome crónica que os afecta.
O modo como os regimes ditatoriais têm sido impostos é como que uma pequena réplica da Europa pré Segunda Guerra Mundial, populações desesperadas que acabam por seguir um líder carismático que prometa trazer ordem ao país.
A facilidade e rapidez com que governos democráticos e regimes autoritários são derrubados do poder poder-se-á justificar, de modo breve e simplista, pelo descontentamento das populações e pela falta de um sentimento nacional. Afinal, os territórios africanos congregam em si múltiplas etnias, confinadas e misturadas entre si nos mesmos países, situações de tensão que facilmente resultam em violentos conflitos, precisando apenas, na maiorias das vezes, que líderes sanguinários com interesses políticos pessoais aticem as inimizades étnicas.
O continente africano encontra-se preso a um ciclo de violência e pobreza que dificilmente pode ser quebrado. Os países desenvolvidos parecem não conseguir ajudar África e a opinião pública ocidental parece começar a questionar-se se já não estaria na hora de os povos africanos se conseguirem governar e acabar com os seus problemas.
África caiu numa espiral de horror e a culpa disto é quase totalmente do ocidente. Começámos a criar um futuro difícil a este continente no momento em que iniciámos os Descobrimentos, espalhando um pouco de cultura ocidental e considerando as outras culturas inferiores, interferimos no desenvolvimento dos povos africanos e usámo-los como escravos, mais tarde, no século XIX, dividimos África e régua e esquadro e no século XX vigorou o neocolonialismo. Este continente, rico em matérias-primas, foi preso e usado pelos interesses do Ocidente, que dele tirou aquilo de que necessitava, não lhe dando a oportunidade, nem o tempo de se desenvolver. As nações passam por várias fases, definem os seus territórios, experimentam vários regimes políticos, várias ideologias, entram em confronto mutuamente, criam laços e relações entre si, enfim, definem quem são e o seu lugar no Mundo. A maioria dos países do Mundo passou séculos nesta experiência, ainda a fazem, mas em menor escala. África começou-a por volta de meados do século XX, já cansada e usada, num Mundo em que as posições de cada um se encontram já definidas e em que é olhada como uma “subalterna”. Estas são as condições dadas a África para se desenvolver e tentar acompanhar os restantes continentes.
Mas simpaticamente, o Ocidente compra matérias-primas a África, a preços irrisórios, claro está. Mais grave ainda, é que uma boa parte destes produtos são comprados a líderes de guerrilheiros, assim, o ocidente financia as guerras africanas e a violência que estas tropas rebeldes exercem sobre as populações, usadas quase como escravas.
Aparentemente, deixámos condições difíceis como ponto de partida para África, mas estamos dispostos a colocar mais obstáculos ao seu desenvolvimento. Aparentemente, somos incapazes de assumir a responsabilidade histórica do que fizemos e de assumir o preço real do nosso estilo de vida.

Joana Lima

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Guerra, inexistência de Paz

Com o fim da Guerra-Fria a população mundial pôde finalmente pôr em prática a tão querida paz. Contudo, de certa forma previsível, certos povos rebeliaram-se e lutaram pelos seus territórios e respectivos costumes, algo que a União Europeia não tinha tido em conta aquando das separações territoriais entre Leste e Ocidente. Diminuiram-se a frequência de guerras entre países, reacenderam-se as qzílias entre povos duma (suposta) mesma nação.

Foi e é o caso do conflito entre Isael e a Palestina

Este vídeo chocou-me pelo facto de usarem meios televisivos e crianças para passar uma mensagem a todas as faixas etárias (mas principalmente a crianças) da realidade do povo Palestino, mas com pormenores evidentes e violentos a que nenhuma criança devia estar exposta. É efectivamente "uma guerra mediática, no qual tudo vale". Emocionar a juventude com imagens de bebés mortos e pessoas feridas? Só se for um emocionar a caminhar para o extremismo, até para o ultra-nacionalismo, enveredando os jovens para grupos sanguinários, que lutam por uma única causa em que "os meios justificam os fins", isso sim, é o que se pretende com este plano tão rebuscado. Sim, é verdade que os meios de comunicação sempre foram e são usados como influenciador das pessoas menos críticas e mais susceptíveis a adquirir certas condutas e valores menos desejáveis, mas neste caso julgo que o modo como tentam influenciar e (pior!) a quem a mensagem é dirigida, é praticamente roubar a ingenuidade às crianças. Por outro lado também se poderá falar da manipulação que os media ocidentais exercem nos jovens e que não fica muito aquém do que fazem os Palestininos (e tantos outros), que é extremamente agressiva nos jovens também. Agora que digo isto, pus-me a pensar se o que vêem na televisão não será também o que vêem na sua vida; não estou a querer dizer que uma abelha ou um rato lhes aparece do nada na rua (coitados, foram transformados em versões tão... feias), mas sim uma pessoa a ser baleada, um bebé deitado morto no chão... algo por que um ocidental não passa tão "rotineiramente".

Seremos assim tão diferentes? Por enquanto nada me faz pensar que somos...



Voltando ao conflito israelo-palestino. Tudo começou nos finais do séc. XIX, em que a inexistência de um Estado para os judeus era uma problemática já muito antiga, tendo-se resolvido a situação com a decisão de que se deveria instituir um território judeu na Palestina, que já estava ocupada por árabes palestinos.


A fim de mostrar ao Mundo a sua indignação perante a ocupação israelita e, o que não havia sido acordado, invasão de território Palestino, ocorreu um massacre nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, em que um comando de Palestinianos fez um grupo de atletas Israelitas reféns, resultando na morte de onze desportistas, cinco sequestradores, um polícia alemão e um piloto.


(Peço desculpa mas não encontrei nenhum trailer deste filme legendado.)

Este é o trailer de Munique, filme que retrata extremamente bem o massacre nos Jogos Olímpicos de Munique (1972), é muito bom, aconselho. Ao pesquisar sobre este conflito, não pude deixar de fazer comparações entre este e os que existiram entre povos colonizadores e colonizados; o que mais se ambicionava era a posse do território (o mais extenso possível), e se tivesse pessoas melhor, para as escravizar e fazê-las à "nossa imagem". Em comum estas duas situações possuem também a ajuda de outros Estados - Israel apoia-se nos Estados Unidos da América, país com um grande número de judeus que influenciam bastante a política e a economia do mesmo, e a Palestina apoiada pelos países vizinhos e fervorosamente pelo Irão. Tanto nas colónias como neste conflito houve sempre interesses de ambas as partes e também dos seus "apoiantes".

E por isto tudo o Mundo se questiona se alguma vez existirá paz absoluta, universal e não ao alcance, mas sim como algo garantido. No panorama global, parece-me que estas guerras se não se resolverem a bem... hão-de se resolver de outra maneira qualquer. Esperamos a inexistência de guerra, aí o Mundo será no mínimo silencioso...

Joana Duarte

sábado, 15 de maio de 2010

O poder da imagem

Como gosto imenso de fotografia, hoje de manhã apeteceu-me ir até ao Museu da Electricidade ver a exposição World Press Photo 10, onde estavam as melhores fotografias a nível mundial tiradas no ano passado.

A exposição divide-se em 10 categorias distintas, compostas por 62 fotojornalistas de 22 nacionalidades. As fotografias espelham os acontecimentos passados a nível mundial no ano de 2009, focando-se particularmente nas manifestações e guerras ocorridas no Médio Oriente, mas também despertando a sociedade ocidental para as disparidades entre "nós" e ao que se chama 3º Mundo.


Na primeira fotografia, um elefante é morto por um grupo de congoleses famintos, num país em que cerca de 48% da população não tem condições de vida básicas; na segunda fotografia, preparam-se as carnes que de seguida estarão num talho ou num supermercado(matadouro na Itália, se não estou em erro). Apesar de não ser grande apologista do vegetarianismo, a verdade é que quando vi a imagem do do homem a segurar numa cabeça de boi apercebi-me porque é que há pessoas que adoptam esse estilo de vida - se assim o posso chamar -incentivada pela maneira como a indústria funciona, que é... degradante.
Antes de ter chegado a essa parte da exposição vi umas fotografias que, se não tivesse lido a informação exposta ao lado, não me teria interessado particularmente: eram dois retratos, supostamente de um rapaz e de uma rapariga (por esta ordem). Bem, eu não vou revelar o que representa realmente, porque o que pretendo com este post é que a vão ver por vocês próprios.

Aqui estão algumas das fotografias que mais gostei, e devo dizer que gostei especialmente das de Desporto e das de Natureza, principalmente pela dificuldade em captá-las e pela beleza delas.
A minha preferida da categoria de Desporto é a imagem de cima esquerda, porque parece uma marioneta no céu (no entanto é um skater) e, a de cima do lado esquerdo conta com Tiger Woods, um dos melhores golfistas do Mundo, a trocar de taco com um senhor que não me recordo se era o caddy ou outro jogador.

1º prémio categoria de Desporto em acção:
(Londres, Campeonato de Criquete)
Vencedor na categoria de Reportagem Natureza; não se vê muito bem, mas o albatroz está a olhar directamente para a câmara, que dá um ar especial à fotografia.


Estas impressionaram-me imenso porque os jogadores fotografados tinham mais de 70 anos.















O senhor do lado esquerdo, após uma maratona de natação; o de cima direita a saltar de uma prancha e a dar um mortal (este desporto chama-se salto ornamental ou salto de prancha); o de baixo direita é o jogador de rugby mais velho do Mundo.

A minha fotografia de eleição, uma imagem que aparece constantemente nos desenhos animados (Looney Tunes, por exemplo) em que quando uma casa explode sai-se à mesma pela porta, é esta:
Mas aqui a casa não se reconstrói milagrosamente. Esta imagem, ainda que o rapaz se movimente, demonstra o estaticismo do espaço envolta, que tem sido atacado constantemente por bombas e não espera recuperação breve; Faixa de Gaza, guerra entre tropas Israelitas e militantes do Hamas.

Provavelmente devem-se estar a perguntar o que é que isto que "postei" tem a ver com História. Decidi falar sobre esta exposição no âmbito da matéria que estamos a dar agora, que basicamente trata as guerras de poder no panorama actual, e as fotografias revelam isso mesmo, mas também as causas e consequências, e as injustiças que ainda existem num Mundo globalizado; como nestas fotografias, em que se vê um homem a ser apedrejado até à morte por ter cometido adultério (Somália):

Ou estas, em que a morte pode aparecer sem nos apercebermos em qualquer sítio e atinge qualquer pessoa, seja uma criança ou uma mulher (Gaza).
O sangue espalhado pelas ruas, e o medo de quem se esconde para que não sejam os próximos (Madagáscar).

Os assassinos do Presidente, e quem recorre a outros meios para manter o vício (Guiné-Bissau e o crescente tráfico de droga no país).

Os que se protegem e que não têm sequer tempo para se vestir, e os que ficam sem membros numa roupa esburacada (Afeganistão):

Eu adorei a exposição, e aconselho; tem muitas mais fotografias para além das que eu coloquei, obviamente. Não deixa ninguém indiferente e é revelador. Até dia 23 deste mês no Museu da Electricidade. Ah, e a entrada é grátis.


Joana Duarte

domingo, 9 de maio de 2010

O diário de Ma Yan

O registo do quotidiano de uma rapariga chinesa, de Zhang Jia Shu, aldeia numa província do interior, que se vê por esse motivo condicionada a ser aquilo que o estado para si designou, uma camponesa, tal como a sua família. Um livro que nos ajuda a perceber o impacto das políticas económicas da China na vida dos seus cidadãos, bem como os sacrifícios que são exigidos aos mesmos, em prol da nação.
O livro conta com prefácio e notas do jornalista francês Pierre Haski, que ajudou a autora, Ma Yan, a divulgar a sua história e a, consequentemente, criar uma associação que lhe permitiu a si, e a mais trinta crianças da sua aldeia e arredores, prosseguirem os seus estudos.

Ma Yan contou com o apoio da família, em especial da mãe, que desejava para a filha uma vida melhor que a sua.

" Esta mulher [mãe de Ma Yan], aniquilada por uma vida de trabalho duro e de privações, tem só trinta e três anos, mas parece ter mais vinte. Não recebeu nenhuma instrução, não sabe ler nem escrever, mas compreendeu que a salvação da filha, e com certeza a de toda a família, dependia do ensino, um luxo nas regiões desfavorecidas. Baixou por várias vezes os braços frente às dificuldades,aceitou a fatalidade que reduz as raparigas ao analfabetismo, unicamente destinadas ao casamento. Num dia em que tinha de pagar 3,5 yuans de inscrição num exame e só tinha, bem feitas as contas, 3 yuans..."






Joana Lima

"Desenvolvimento" da China

O fracasso económico do maoísmo forçou a China a repensar o seu modelo de desenvolvimento. Após a morte de Mao, em 1976, o êxito das novas economias asiáticas serviu de exemplo aos dirigentes chineses, que aboliram a antiga política colectivista planificada, virada para a autarcia, com o suposto objectivo de modernizar o país. A China integrou-se, então, nos sistemas financeiro e comercial internacionais e adoptou as regras da economia de mercado.
Deng Xiaoping foi o líder chinês responsável pelas mudanças na economia do país e as suas politicas ainda hoje são seguidas. Dividiu a China em duas áreas geográficas distintas, o interior, basicamente rural e que se manteria protegido de influências externas e o litoral, aberto ao capital estrangeiro, integrando-se no mercado internacional.
A China camponesa tem como dever e função alimentar as indústrias e o Litoral, vendo-se impossibilitada de acompanhar o surto de desenvolvimento do país. De 1979 a 1983 as terras foram descolectivizadas e entregues aos camponeses, que puderam assim comercializar os seus excedentes num mercado livre. A produção agrícola chinesa cresceu 50% em cinco anos graças a estas medidas.
A indústria foi redireccionada. Abandonou-se a prioridade dada à indústria pesada, para ser substituída pela produção produtos de consumo, produção esta que teria como fim a exportação, deixando-se assim de lado o ideal da autarcia.
Em 1980, algumas cidades litorais foram consideradas “Zonas Económicas Especiais”, tendo assim uma legislação ultraliberal, favorável aos negócios. Empresas de todo o Mundo foram convidadas a estabelecerem-se nestas zonas. Este foi um grande sinal de abertura, já que a China admitiu no seu território influências do temido mundo capitalista, convidando-o até a instalar-se no meio da “sociedade comunista”.
Em 1978, a China celebrou um tratado de paz com o Japão e restabeleceu relações diplomáticas com Washington, integrou-se nos circuitos económicos mundiais, aderiu ao FMI e ao Banco Mundial e candidatou-se ao GATT. Talvez para incentivar os investimentos estrangeiros com uma nova imagem, mais acessível e pacífica, afastando a sua ligação ao “monstro comunista”, tão temido pelo ocidente.
Desde 1981 que o crescimento económico registado na China é notável, com um PIB que cresce 10% ao ano, tornando-se em 2007 o quarto maior PIB do Mundo. A China têm um potencial muito maior que o dos restantes países industrializados asiáticos, tanto a nível dos recursos, como da mão-de-obra, que é abundante, barata e não goza de regalias sociais.
Ainda assim, o nível da vida dos chineses tem vindo a aumentar e 99,8% dos jovens são alfabetizados. Ainda assim, o coeficiente de Gini(usado para medir a desigual distribuição de riqueza) é bastante elevado e continua a crescer. Outro problema é o resultado da politica do filho único, que tem vindo a desequilibrar a relação entre contribuintes e aposentados.
A politica económica chinesa é, do meu ponto de vista, excessivamente radical e totalmente desequilibrada. Em vez de ter sido criado um equilíbrio entre a ideologia comunista e a abertura de mercado, os dirigentes chineses optaram por dividir o país em dois. As cidades litorais são alvos da globalização, onde a economia e a cultura ocidental se expandem. Os habitantes destas zonas estão abertos a informações vindas do exterior. Por seu lado, o interior do país, vê-se isolado do mundo e da China ocidentalizada, impedido de evoluir. Assim, parte da sociedade chinesa perde a sua cultura e identidade enquanto outra se vê totalmente estagnada e condicionada.
Creio que a crescente escolaridade permitirá aos chineses reunir os meios para mudarem o seu país e lutarem contra políticas económicas que tiram a humanidade aos indivíduos, movendo-os do modo mais favorável a objectivos que lhes são exteriores.
Sinal disto foram situações como as grandes mobilizações a favor da liberalização política em 1986, ainda que tenham sido severamente reprimidas e em 1989,a agitação estudantil que acabou em tragédia, depois de exército avançar contra os jovens, que se encontravam reunidos na Praça de Tiananmen, em Pequim.

Não há espaço num só país para dois extremos, nem mesmo na China.


Joana Lima

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Xanana Gusmão

José Alexandre Kay Rala "Xanana" Gusmão nasceu em Manatuto, Timor, a 20 de Junho de 1946. Os seus pais eram professores do ensino primário. Frequentou um colégio jesuíta até abandonar os estudos aos 16 anos por razões económicas. Mais tarde conseguiu um trabalho na admnistração pública, o que permitiu que continuasse a estudar. Em 1968 alcançou o posto de cabo, recrutado no exército português e casou-se com Emília Lopes de quem teve dois filhos.

Em 1974, ano em que ocorreu a Revolução dos Cravos em Portugal e o Governo Português intencionou dar autodeterminação à ilha, Xanana aderiu a uma organização nacionalista chefiada por José Ramos-Horta (actual Presidente de Timor-Leste), trabalhando ao mesmo tempo no jornal "A Voz de Timor".
Gusmão junta-se ao partido FRETILIN - Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente - e é preso pelo partido da oposição, a UDT (União Democrática Timorense). A vizinha Indonésia aproveitou essas desestabilizações políticas para invadir a ilha várias vezes. No final do ano Timor-Leste foi entregue à FRETILIN, Xanana libertado e declara-se a independência a 28 de Novembro de 1975 de Timor Português. Pouco tempo depois a Indonésia invade Timor-Leste na totalidade, havendo resistência por parte de grupos revolucionários compostos por civis que Gusmão recrutava de aldeia em aldeia e que comandou.
Até ao início dos anos 90 manteve-se a oposição liderada por Xanana Gusmão que, a fim de alertar a comunidade internacional para o que se passava no seu país (como o Massacre no Cemitério de Santa Cruz a 12 de Novembro de 1991), utilizou todos os meios de comunicação que podia.

(foi o único vídeo que encontrei com a imagem mais nítida).

Desencadeou-se uma caça ao homem promovida pelo Governo Indonésio e em Novembro de 1992 Xanana foi preso, onde foi torturado e condenado a prisão perpétua (a sentença foi diminuida mais tarde pelo Presidente Suharto para 20 anos) e o direito de se defender perante a lei foi-lhe negado. Durante os sete anos em que esteve preso em Cinipang, Jacarta, foi visitado por várias figuras políticas (como Nelson Mandela) e deu algumas entrevistas, uma delas para a SIC Portugal:



Mesmo estando preso, Xanana demonstra ser também pintor e escritor, e em 1994 publica o livro "Timor-Leste, um Povo, uma Pátria". A 10 de Novembro de 1999 sai da prisão e é transferido para a casa-prisão de Salemba, Jacarta Central (uma espécie de prisão domiciliária, onde apesar de ter mais privacidade não podia fazer chamadas, só receber, e as visitas eram condicionadas) recebendo a visita de Ana Gomes, chefe da Secção de Interesses de Portugal na Indonésia.
A 30 de Agosto de 1999 faz-se um referendo em que a maioria da população opta pela independência de Timor-Leste, o que o Governo Indonésio não admitiu, iniciando-se uma campanha de terror feita à população (violações, espancamentos, mortes). O Mundo via em directo o massacre por que o povo timorense passava e é então que, pressionados pela ONU, tropas maioritariamente australianas entram na ilha e libertam Xanana a 7 de Novembro de 1999.

Gusmão desde então participa em muitas campanhas a favor da paz e, a convite, fez parte da admnistração da ONU até 2002. Em Abril de 2002, no periodo de eleições presidenciais, tornou-se o primeiro Presidente de Timor-Leste. Em 2007 anuncia que não se vai recandidatar à presidência, decidido a formar um novo partido, o CNRT (Conselho Nacional de Resistência Timorense). A 8 de Agosto desse ano é eleito Primeiro-Ministro, cargo que mantem até à actualidade.
Xanana entretando divorciou-se, mas voltou-se a casar com a australiana Kirsty Sword de quem teve três filhos.

Prémios:
  • Sakharov (1999) - Liberdade de Pensamento
  • Paz de Sidney (2000) - a sua "Coragem e Liderança para a Independência do povo de Timor-Leste"
  • Doutor "Honoris Causa" (2000) - pela Univeridade do Porto

Enquanto pesquisava sobre este (acho que se pode aplicar) revolucionário não pude deixar de encontrar semelhanças com outros ícones políticos que lutaram pela liberdade e justiça de um povo, como Nelson Mandela ou Che Guevara.

"Mar Meu

Pudesse eu
prender entre os dedos
os suspiros do mar
e distribui-los
ás crianças

Pudesse eu
acariciar com os dedos
A suave brisa das ondas
e sentir cabelos
de crianças

Pudesse eu
sentir nos dedos
o beijo das espumas
e ouvir os risos
das crianças

Pudesse eu
tocar com os dedos
o sono do mar
e embalar os olhos
de crianças

Pudesse eu
ter entre os dedos
belas conchinhas
e fazer colares
p’ra as crianças

Oh, mar meu!
porque esperas?
porque não dás?
porque não sentes?
porque não ouves?

Imerso nos meus pensamentos
fui subitamente estremecido
Do mar, do meu mar,
vinham tremores
saídos de barcos

Olhei para o céu
que explodia
os suspiros do mar
eram choros de agonia
a suave brisa

o cheiro do pó e do sangue
o beijo das espumas
o estertor da morte
o sono do mar
as pedras da sepultura

e as belas conchinhas
desenhavam
o destino da Pátria!"
de Xanana Gusmão

Joana Duarte

domingo, 2 de maio de 2010

O papel dos EUA no Mundo...

A 20 de Janeiro do ano passado Barack Obama foi eleito o 46º Presidente dos EUA. Através da sua campanha envolta em mudança conseguiu vencer o seu rival republicano, John McCain. Passado um ano, muitos se questionam sobre as mudanças planeadas e/ou realizadas.

Como todos sabem, inclusivamente os próprios americanos, há muito que estes não são bem vistos no Mundo, existindo até um anti-americanismo provocado pela intromissão do país na política de países como o Iraque ou o Irão, isto em nome "da segurança interna e mundial", já que se auto-denominam os "polícias do Mundo", envolvendo-se em guerras que não são suas e provocando guerras (e essas sim) apenas suas, mas arrastando outros países consigo.


Do anti-americanismo passo para o nacionalismo exacerbado; sabendo que têm problemas que nunca mais terminam por resolver, porquê tanta preocupação com a política externa? Sim, agora a educação e a saúde estão a ser reavaliados e está-se a tentar uma mudança para melhor, principalmente a saúde americana. É neste ponto que os americanos discordam, e é por isto que se está a despoletar o "anti-Obamanismo". As suas tentativas de mudar o sistema de saúde, concretamente os seguros de saúde que excluem 46 milhões de cidadãos, associam-no (segundo pessoas bastante inteligentes) ao socialismo, como poderão constatar pelo visionamento desta notícia:


Como primeira potência mundial, assume-se que os EUA sejam um país egualitário, democrático e amenizador de conflitos, mas não. Os acontecimentos dos últimos tempos têm demonstrado o contrário. Por isso questiono-me se algumas promessas não foram usadas apenas para proveito eleitoral. Ainda temos 3 anos para descobrir...

Joana Duarte

A União Europeia

Após a 2ª Guerra Mundial a Europa sentiu a necessidade de tomar medidas que impedissem novos conflitos no continente e que o protegessem.
Em 1957, com o Tratado de Roma , foi criada a Comunidade Económica Europeia (CEE) com o objectivo de criar um mercado comum europeu.
O âmbito de intervenção da CEE foi crescendo, tendo os estados-membros decidido o estabelecimento de uma politica agrícola comum, medidas de combate ao desemprego, apoio a zonas desfavorecidas e de um sistema monetário europeu, que estabilizasse as taxas de câmbio entre moedas europeias.
No ano de 1963 a CEE assina um acordo internacional de ajuda a 18 antigas colónias africanas. Desde esse momento conseguiu já uma parceria com 78 países da África, Caraíbas e Pacifíco. A condição fundamental para gozar da ajuda da Comunidade é o respeito pelos Direitos do Homem.
No início dos anos 80 a CEE encontrava-se estagnada, deixando descrentes os europeus. Porém, em 1985 torna-se presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, um grande dinamizador do projecto europeu.
Em 1986 é assinado o Acto Único Europeu, que estabelecia que em 1993 a Europa se tornasse num mercado único, onde circulassem livremente pessoas, capitais e serviços.
O Tratado da União Europeia, assinado em Maastricht em 1992,estabelece novos sectores de intervenção da CEE, que passa a designar-se União Europeia, como a moeda, a politica migratória, política externa e defesa. A EU funda-se em três pilares. Primeiramente, o comunitário, que actua em campos como a agricultura, ambiente, saúde, educação, energia, resumidamente em assuntos económico-sociais. O da politica externa e segurança comum e o da cooperação nos domínios da justiça e assuntos internos. As medidas definidas em Maastricht só entraram em vigor em 1993, ao mesmo tempo que o Mercado Único. É também neste ano que se dá a Cimeira de Copenhaga, em que ficam acordados os critérios para condicionar a entrada de novos membros na EU, que são, resumidamente, instituições democráticas, respeito pelos Direitos do Homem, economia de mercado viável, aceitação de todos os textos comunitários.
Em 1999 o euro entra em vigor em onze países europeus, começa também a funcionar o Banco Central Europeu.
Actualmente a União Europeia conta com 27 estados membros e debate-se na construção de uma Europa politicamente unida e na criação de um sentimento popular europeísta, isto é, que os cidadão se vejam não só como membros de um estado, mas também como europeus.
Creio que se as populações se encontrassem mais informadas nutririam uma maior simpatia pela União Europeia, já que esta se propõem a melhorar a vida dos europeus e a defendê-los. Um Europa unida é , certamente, mais vantajosa para os cidadãos europeus, mas também para o mundo, já que se encontra em condições de tentar fazer frente aos EUA, os policias do mundo, a nível económico e politico e de ajudar os países em dificuldades.


Joana Lima

Desintegração do mundo soviético

Já sob a égide de Gorbachev, os países integrados pela URSS esperavam melhores condições económicas e sociais, motivados pelo novo planeamento económico - a Perestroika - que tentou uma reconciliação entre o comunismo e o capitalismo, mas também uma abertura política (Glasnot, a política de transparência).

Apesar dessa política de aproximação com o Ocidente, prioritariamente com os EUA - comprovado pelo Tratado de Washington em 1987, que visava a destruição de todas as armas atómicas pelas duas potências - nada conseguiu salvar a República Soviética.

A Perestroika propôs uma descentralização económica, através da estimulação da concorrência e, portanto, da privatização de muitas empresas, como por exemplo dos bens de consumo, que eram escassos. A Glasnot permitiu a abolição da censura, a denúncia da corrupção e a participação dos cidadãos na vida política através de eleições pluralistas e livres na URSS, em que se elegeu o Congresso dos Deputados do Povo (1989).
Entretanto as críticas ao regime acentuavam-se; em 1980 cria-se o primeiro sindicato independente na Polónia apoiado pela Igreja Católica, o Solidarnösc (Solidariedade) dirigido por Lech Walesa, que promoveu greves e manifestações, tendo sido ilegalizado em 1982. Apesar da divisão feita pelo Muro, muitos foram os que tentaram fugir; essa fuga para o Ocidente viu-se mais facilitada em finais da década de '80, época em que houve abertura política na Hungria e na Polónia (isto meses antes da queda integral do Muro).
A partir de então, a maioria dos países-satélites da URSS puderam escolher o seu regime, e em 1989 o Partido Comunista vai perdendo o seu lugar de partido único e realizam-se novas eleições que promoveram novas Constituições.
Já sem o apoio das forças militares russas, a 9 de Novembro de 1989 cai o Muro de Berlim. A Alemanha reunifica-se a 1 de Outubro de 1990. Estes acontecimentos deterioraram a União Soviética, ainda governada por Gorbachev que não tinha aceite bem a desintegração dos estados-satélite, foi ultrapassado pelo seu ex-colaborador, Boris Ieltsin que em Junho de 1991 foi eleito o Presidente da República da Rússia; pouco tempo depois Ieltsin proibe as actividades do Partido Comunista. Dissolvem-se o COMECON e o Pacto de Varsóvia.
A 21 de Dezembro de 1991 nasce a Comunidade dos Estados Independentes que integrava 12 países, actualmente 11 (ex-satélites soviéticos): Arménia, Arzebeijão, Belarrússia, Casaquistão, Geórgia (já não pertence), Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turqueministão, Uncrânia e Uzbequistão.
A 25 de Dezembro do mesmo ano Gorbachev abandona a "presidência" da URSS, que já não existia.

O mapa geopolítico europeu altera-se completamente
assim como o modelo económico adoptado pelas novas repúblicas independentes que sem o apoio monetário da URSS atravessaram graves problemas sociais e económicos. Despoletaram guerras civis, desintegraram-se, aumentaram as disparidades. Agora há espaço para o desenvolvimento individual desses países, para além de que actualmente estão a ser ajudados por investidores estrangeiros, uma realidade que não se passara durante o regime estalinista e, posteriormente, no de Krutchev. E assim terminou mais um regime repressivo e anti-democrático.
Aconselho que visitem este site pois explica bastante bem a história do socialismo mundial e a sua desintregação: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/Especiais/URSS/link17.htm
Joana Duarte

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Paulo de Carvalho-E Depois do Adeus

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

23 de Abril

No passado dia 23 de Abril, antecipando as comemorações do 25 de Abril, o 12º11º, juntamente com outras turmas, assistiu a uma conferência subordinada ao tema referido.
A conferência iniciou-se com apresentações feitas por algumas colegas que contextualizavam a situação portuguesa antes da Revolução dos Cravos. Após esta contextualização, tomaram a palavra três convidados, que viveram sob o regime salazarista. Cada um contou como o autoritarismo do Estado Novo tinha tido impacto na sua vida. Ficou claro o seu contentamento pelo fim desta fase da história portuguesa e o seu orgulho pela liberdade de que jovens como nós podem hoje em dia usufruir. Especialmente porque temos a formação e instrumentos necessários para nos mantermos informados, o que é, na minha opinião, a melhor maneira de mantermos a nossa liberdade de pensamento.
Esta conferência foi importante pois relembrou-nos os valores e ideais que conduziram ao 25 de Abril e que, por já estarmos tão habituados a eles, não valorizamos convenientemente. Há também que ter em conta que a liberdade em que hoje vivemos é o resultado da luta, sacrifício e esforço de muitos, pelo que o mínimo que podemos fazer é vive-la e nunca a perder.

Joana Lima

domingo, 25 de abril de 2010

Que dia é hoje?

Esta é a pergunta que eu faço todos os dias quando acordo. Não que tenha amnésia ou algo do género, apenas não ligo muito à passagem do tempo. Claro que é muito importante saber em que dia a minha mãe faz anos se não quiser levar com o sermão "Nunca te lembras de nada, não admira que estejas assim, e ainda pedes coisas!" que muitas vezes não faz sentido, mas a Joana lá aguenta. Sem me querer desviar do assunto, o que eu queria dizer com este incoerente discurso é que hoje, HOJE, é 25 de Abril de 2010. Então, já se ligou uma lâmpada no vosso cérebro? Pois, hoje é o chamado "Dia da Liberdade"; sinceramente fico um pouco confusa com este nome, até porque singir este dia e mais nenhum à liberdade é dizer que no resto do ano vivemos num estado anti-democrático... o que talvez aconteça pois já se viram melhores dias no nosso país. Não que esteja a defender o Estado Novo, é que nem pensar, mas a verdade é que actualmente deparamo-nos com obstáculos mais complexos que no passado. Como jovem, apesar de recentemente me ter tornado uma "adulta" perante a lei (desculpem o termo mas, que treta, o (meu) Mundo não mudou por ter feito 18 anos), vejo a maior parte dos meus supostos direitos sufocados e depois atirados ao chão e, se ainda houver tempo, pisados e queimados por algum repressor. Sim, um drama que figurativamente resulta bastante bem para vos mostrar o que realmente se passa: nada! Precisamente, aborrecidamente, nada! Em todo o lado se ouvem pessoas a questionar a justiça, a saúde e a educação no nosso país; processos que vão a hasta pública e são posteriormente arquivados sem se saber porquê, hospitais públicos a fechar e clínicas privadas a abrir, alunos a bater em professores e professores que não sabem dar aulas queixarem-se da má remoneração (peço desculpa se alguém se sentir ofendido, mas se quiserem discuti-lo comigo terei todo o gosto em dar exemplos reais)... Enfim, mais conversa e menos revolta "prática". Não que ambicione uma guerra civil, mas sim uma greve ou algo parecido para ver se as pessoas acordam e vão para a rua actuar, participar na vida política do país. E provavelmente perguntam "Então como contribuis tu, sentada no sofá numa tarde de Domingo, precisamente no 25 de Abril, a escrever num blog que só interessa ao professor que te classifica e a mais ninguém porque não há quem aprecie ler tudo o que escreves?" ao que respondo:

Para fazer uma "revolta", se é esse o nome que se pode dar à contestação hoje em dia, é preciso mais que uma pessoa; sim, adorava ser como aqueles ícones que sozinhos fazem a diferença, mas a verdade é que não sou, e não me vou "armar em herói, porque herói é coisa que não sou" (como confessou o senhor Labaredas, um ex-preso político, no seu discurso na passada sexta-feira na comemoração do 25 de Abril na minha escola). É a política do grão de areia no meio do deserto e assim se sentem todos actualmente. Podia ir para a rua contestar por melhores condições na escola, nos hospitais públicos e veracidade no sistema judicial, mas deparo-me com diversos obstáculos: não há autocarros onde vivo ao fim-de-semana nem nos feriados, no entanto se quiser apanhar o autocarro mais próximo tenho que andar um bom bocado até à paragem, depois teria de andar mais um pouco até ao metro se quisesse ir para o centro de Lisboa pois o autocarro não passa lá, e depois disto tudo só poderia lá ficar pouco tempo para fazer a mesma viagem para casa, isto porque o horário desse autocarro ainda é muito limitado aos feriados. Contudo mais um ou dois "obstáculos" surgem: a preguiça e o porquê da suposta contestação.
  1. A preguiça: fazer este percurso todo para depois chegar lá e não conseguir fazer nada pois apareceria sozinha no meio da multidão;
  2. O porquê da suposta contestação: há muitos porquês, mas sozinha seria apenas a maluquinha que fez mais um discurso sobre os problemas que o país/população enfrenta.

E ainda me queixo, quando afinal eu também faço parte da multidão que nos autocarros e nas paragens se revolta com a pessoa desconhecida sentada a seu lado e que grita com a televisão perante as injustiças, mas que se tivesse de actuar manter-se-ia inerte, com a desculpa de que tudo ficaria em águas de bacalhau. Ao escrever isto, descobri outro obstáculo, e este sim é bastante preocupante: a quantidade de vezes que vemos na televisão ou lemos nos jornais os escândalos, as guerras, o número de pessoas que morrem por dia no Mundo, mas que vemos ou lemos sem a mínima preocupação de tão afastados que nos encontramos dessa realidade, já adormecidos pelas imagens chocantes e os relatos temerosos dos media. O que se faz? Muda-se de canal, para algo mais agradável; fecha-se o jornal, dobra-se para dizer que foi lido e/ou deixa-se no banco do autocarro para alguém o atirar para o chão, ou com sorte, para o lixo.

"A informação está em todo o lado, as pessoas só não a conhecem porque não querem" citação dum colega da turma de Inglês.

É esta a minha revolta pessoal do 25 de Abril de 2010. Sem imagens ou vídeos chocantes.

Joana Duarte

sábado, 24 de abril de 2010

Carlos Franqui

Morreu recentemente, a 16 de Abril (precisamente no meu dia de anos, o que tem imensa relevância histórica), mais um revolucionário cubano.

Nasceu a 4 de Dezembro de 1921. Foi mais um filho de camponeses cubanos, quase escravos, que trabalhavam na plantação açucareira pertencente a americanos. Filia-se no Partido Comunista Cubano, desistindo aos 20 anos de ingressar na Faculdade de Havana para se tornar num organizador profissional do partido.
Devido ao desinteresse do Komintern pela ilha, Franqui torna-se um esquerdista desalinhado, até aparecer Fidel Castro. Participou no Movimento 26 de Julho após o Golpe de Estado de Batista em 1952, sendo ainda preso e torturado pelo governo, exilando-se posteriormente no México e na Flórida até se unir aos seus companheiros na Sierra Maestra, onde dirigiu o clandestino jornal Revolución e a Rádio Rebelde. O seu jornal veio a oficializar-se com a vitória do grupo de Fidel, surgindo os primeiros desentendimentos entre os dois quanto ao conteúdo desse jornal. Foi enviado para Itália com a família para desempenhar o papel de embaixador de Havana, não remonerado, por pouco tempo.
Em 1968 separa-se oficialmente do Governo Cubano ao assinar um manifesto contra a invasão da Checoslováquia pela URSS, apesar de se manter fiel aos seus ideais esquerdistas.
Então visto como um agente da CIA e um traidor, Carlos Franqui dedica-se à escrita de poemas livres, livros e grafismos (colaborando com Miró, Tapiès, Calder e outros), fundando ainda em 1996 o jornal Carta de Cuba que publicava artigos de jornalistas e escritores cubanos independentes, continuando a sua publicação até à sua morte, em Porto Rico.
Podemos encontrar muitas semelhanças entre a história deste revolucionário e a de muitas outras personagens políticas, que inicialmente se envolvem num ideal comum, acabando por se afastar devido não à sua separação, mas à alienação desse mesmo ideal. Chocantemente, com a decisão de Carlos Franqui em se separar do Governo de Cuba, apagaram-se fotografias em que este aparecia e documentos escritos por ele, apesar da sua importância na Revolução; estas fotos demonstram o eliminar do traidor, ou da vergonha nacional, forma como provavelmente seria visto:










Joana Duarte

domingo, 18 de abril de 2010

Canções da Revolução

As canções de intervenção marcaram bastante o periodo ditatorial em Portugal, apesar de serem altamente criticadas pelo Estado (daí a sua clandestinidade) mas constantemente entoadas pelo povo, ansiando liberdade. Foram músicas como estas que incitaram a luta contra o Estado e que foram utilizadas como código para diversas operações no decorrer da Revolução de Abril...

"Somos livres" -letra e música de Ermelinda Duarte
Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

"Grândola, Vila Morena" - letra e música de Zeca Afonso
Grândola Vila Morena,
terra da fraternidade
o povo é quem mais ordena
dentro de ti ó cidade
Dentro de ti ó cidade


"Tourada" - letra de Ary dos Santos, música de Fernando Tordo
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram asa canções.

"Trova do Vento que passa" - letra de Manuel Alegre, cantada por Amália Rodrigues



"Pedra Filosofal" - letra de António Gedeão, música de Manuel Freire
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


"Que força é essa?" - letra e música de Sérgio Godinho


"E depois do Adeus" - letra de José Niza, música de Paulo de Carvalho




Joana Duarte

Otelo Nuno Ramão Saraiva de Carvalho

"O grande estratega do 25 de Abril de 1975".

Esta figura emblemática do panorama político português nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, a 31 de Agosto de 1936.

Entre 1961 e 1963 foi alferes e de 1965 a 1967 capitão em Angola, tendo depois seguido para a Guiné em 1970, onde permaneceu durante três anos.

Foi um dos impulsionadores da contestação do Decreto-Lei n.º 353/73 ("possibilitava aos milicianos do Quadro Especial de Oficiais ultrapassarem os capitães do quadro permanente nas suas promoções, mediante a frequência de um curso intensivo na Academia Militar, equiparado aos cursos normais"), o que provocou a criação do Movimento dos Capitães e do Movimento das Forças Armadas (MFA). Foi portanto responsável pelo sector operacional do MFA, conduzindo a partir do posto de comando clandestino na Pontinha o "25 de Abril", motivado pelo descontentamento em relação à Guerra Colonial e à repressão do Estado.

Com a vitória da Revolução de 1974, Otelo obteve grande prestígio nacional.

A 13 de Julho de 1974 tornou-se comandante da região militar de Lisboa e a 23 de Junho de 1975 foi nomeado comandante do COPCON (Comando Operacional do Continente), cargos dos quais foi afastado por ter tentado um Golpe de Estado e 25 de Novembro, sendo preso. Fez ainda parte do Conselho da Revolução desde 14 de Março de 1975 até Dezembro desse ano, e em Maio integra o Directório, uma estrutura política de cúpula, durante o IV e V Governos Provisórios.

Quando foi libertado a Fevereiro de 1976 concorreu à Presidência (eleições em que obteve grande apoio comunista), fazendo o mesmo nas presidenciais de 1980. Nunca venceu, possivelmente por estar conectado à facção mais extrema da esquerda.

Em 1984 é preso novamente devido ao seu envolvimento com o FP-25 (Forças Populares de 25 de Abril), um grupo revolucionário que havia sido responsável pela morte de 17 pessoas e atentados à polícia.

Ao apresentar recurso da sentença condenatória foi liberto em 1989, ficando à espera de julgamente em liberdade provisória; Otelo e os restantes militantes que foram presos do FP-25 foram amnistados em 1996 pela Assembleia da República.

É um dos activistas de esquerda de referência no país.

Joana Duarte

Marcello Caetano

A “Primavera Marcelista”

Em 1968, António de Oliveira Salazar, em consequência de uma queda, sofre danos cerebrais graves, que obrigam ao seu afastamento do cargo de Presidente do Conselho de Ministros. Foi nomeado para o substituir por Américo Tomás, o Presidente da república, Marcello Caetano,que ocupou o cargo até 1974, ano da queda do regime.
O período de governação de Marcello Caetano ficou conhecido como “Primavera Marcelista”, já que se registou uma abertura política moderada. Logo no seu discurso de tomada de posse, mostrou o seu desejo de assegurar a continuidade das políticas salazaristas, ainda que estivesse disposto a realizar reformas, o que se traduz no conceito de uma “liberdade possível”.
A nível económico o país abriu-se ao investimento estrangeiro e aproximou-se da CEE, enquanto que a nível social se fizeram algumas experiências na democratização do ensino.
Porém, o regime não foi capaz de aceitar as críticas que, naturalmente, surgiram.
Assim, as poucas alterações feitas perderam rapidamente o seu valor:

• A PIDE passou a intitular-se DGS, isto é, Direcção-Geral de Segurança, e diminuiu a intensidade e quantidade das suas perseguições e controlo. No entanto, quando os movimentos estudantil e operário ganharam força, a DGS reagiu de modo autoritário, tendo prendido os opositores do regime.

• A Censura começou a chamar-se Exame Prévio, e só inicialmente é que se mostrou mais tolerante.

• A União Nacional passou a ser denominada de Acção Nacional Popular. Derrotou a oposição nas legislativas de 1969, como seria de esperar num regime autoritário. A ala mais liberal da assembleia, constituída por membros independentes não tinha qualquer tipo de poder, já que os seus projectos de lei eram sempre rejeitados e que se continuava a fazer sentir a falta de liberdade de expressão.




Joana Lima

quarta-feira, 24 de março de 2010

Quem eram os Guardas Vermelhos









Joana Lima

Os Guardas Vermelhos

Em 1949, os comunistas chineses conseguem expulsar os nacionalistas para a ilha de Taiwan e proclamam a República Popular da China. A presidência da mesma foi tomada por Mao Tse-tung, líder do Partido Comunista da China (PCC). A ideologia política aplicada por Mao foi o maoísmo, uma forma de marxismo, uma terceira visa, em que se enfatiza o papel dos camponeses na liderança da revolução, que deveria ser protagonizada pelas massas, isto é, as mudanças revolucionárias deveriam partir delas.
Em 1966 surgem os “Guardas Vermelhos”, movimento não militar constituído por jovens. Este movimento nasceu de uma rebelião estudantil muito especifica e restrita, que por ter recebido o apoio de Mao se alargou até reunir milhões de apoiantes. Os “Guardas Vermelhos” nasceram maioritariamente depois da revolução de 1949 ou pouco depois dela, pelo que se encontravam moldados pelo regime, ainda que guardassem em si grandes frustrações. Assim, quando Mao, que havia criado em torno da sua pessoa um culto semimágico, apelou aos jovens para que estes fizessem parte da revolução, iniciou-se a Revolução Cultural. Durante a mesma os “Guardas Vermelhos”, com o objectivo de desenraizar os males da “velha sociedade”(costumes e tradições anteriores á Revolução Comunista) e de impedir o reaparecimento da burguesia, espalharam-se pela China pregando a doutrina de Mao, contida n’ O Livro Vermelho. No entanto, não se limitaram a dar a conhecer os pensamentos do líder do Partido Comunista. Iniciaram um período de terrível violência e vandalismo, em que se tentou destruir a cultura tradicional chinesa, sendo humilhados ou mortos todos aqueles que não se conformassem com a situação. Foram assaltadas universidades e institutos científicos, confiscados todos os objectos considerados anti-revolucionários, a publicação de livros quase desapareceu e um grande número de templos foi vandalizado ou destruído.
Foram os Guardas Vermelhos os escolhidos para, durante a Campanha de Expulsão, decidirem quais os maus elementos da sociedade os “elementos negros”, que deveriam ser expulsos das cidades e enviados para o campo, de modo a aprenderem o modo de vida camponês, condizente com o maoísmo.
Em 1968, a desordem provocada pelo enorme poder dado aos Guardas Vermelhos era tão grande que foi preciso chamar o exército para reprimi-los e finalmente o movimento foi dissolvido.
No final da Revolução Cultural, a geração dos Guardas Vermelhos foi enviada em massa para zonas recônditas do interior chinês, pois não havia nas cidades emprego para eles. Esta geração ficou para sempre marcada, tendo-se transformado num contínuo problema social.



Joana Lima